A Copa da Diversidade

Uma das frases que costuma encerrar meus depoimentos e palestras, quando falo sobre diversidade, é o exemplo que o Brasil tem dado para todo o mundo no esporte mais popular do planeta, que é o futebol. Áreas do esporte, da música e outros ramos da cultura e entretenimento onde a habilidade, a inteligência, a rapidez e o talento são avaliados independentemente da cor de pele, origem étnica e social ou religiosa, o Brasil é um dos países mais diversos do mundo e se mostra quase invencível.

Não é por acaso que o Brasil participou de todas as Copas do Mundo e também não é mera coincidência que somos o único país do planeta a ser penta campeão nesse esporte. Quando rememoramos a formação étnica e racial de todas as nossas participações, encontraremos desde os tempos de Garrincha e Pelé, e até mesmo antes, que a principal marca da nossa seleção sempre foi a diversidade étnica de seus atletas. E essa talvez seja a principal razão de todo o nosso sucesso.

Porém, quando comparado a outras áreas das nossas atividades como nação em relação a outros países, onde não competimos com time diverso, ficamos sempre nos últimos lugares. Um bom exemplo são as competições acadêmicas, pois o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel. A quase centenária Universidade de São Paulo (USP), exemplo de branquitude, onde a discussão sobre diversidade só começou a tomar corpo há pouco tempo, não se configura nem mesmo entre as 20 melhores universidades do mundo.

Enquanto isso outros países até apontados como pouco diversos, caso dos europeus, mostraram ao mundo o quanto a diversidade em conjunto são sinônimos de sucesso. Equipes como a França e Bélgica, com sua diversidade étnica, chegaram bem mais longe que equipes pouco diversas como, por exemplo, a Argentina.

Esperamos que o futebol continue dando exemplos para o mundo e, principalmente para o Brasil, de que qualquer atividade humana, seja no mundo corporativo ou na academia, onde o esforço seja medido pelo trabalho, competência, talento e inteligência independentemente dos aspectos físicos, de raça, cor, gênero ou crença religiosa, a genialidade floresça e continuemos assistindo e aplaudindo prodigiosidades demostradas nessa Copa de negros, brancos e amarelos de todos os cantos do mundo.

Mauricio Pestana

Jornalista, publicitário, cartunista e escritor. Exerceu o cargo de Secretário de Promoção da Igualdade Racial da Cidade de São Paulo de abril de 2013 a dezembro de 2016. Atualmente é Diretor executivo da Revista Raça.

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jornalista CEO e presidente do Conselho editorial da revista RAÇA Brasil, analista das áreas de Diversidade e inclusão do jornal da CNN e colunista da revista IstoÉ Dinheiro

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