A hora e a vez de: Larissa Nunes

[EDIÇÃO 216]

Perfil:

A segunda temporada da série “Coisa Mais Linda”, que é exibida na Netflix, destacamos o trabalho de Larissa Nunes. Atriz, cantora e compositora, ela dá vida a Ivone, a irmã mais nova de Adélia (Pathy de Jesus). “Ivone terá sua história mais desenvolvida, com mais conflitos. Mesmo sendo a caçula, ela tem personalidade forte, é ousada, rebelde e um pouco despreparada. Embora a trama se passe nos anos 1960, há traços muito marcantes e atuais nesta personagem, que carrega uma certa ‘inconformidade’ com a situação dela e da irmã.

A série levanta debates sobre a luta das mulheres em diversas instâncias sociais, cada uma na sua luta específica, e todas estão buscando espaço – em especial as mulheres negras, que já trabalhavam pra conseguir sobreviver, enfrentando machismo, racismo e falta de apoio”, destaca. Atriz formada pela Escola de Arte Dramática (USP), paulistana já foi dirigida no teatro por Lee Taylor, Tiche Vianna, Sérgio de Carvalho, Sidney Santiago Kuanza e Isabel Setti, e participou do espetáculo-show “Ícaro and The Black Stars”. Vivendo seu primeiro papel de destaque no audiovisual, Larissa fez sua estreia no streaming numa participação na série “3%”.
“Foi importante porque nunca havia entrado num set.

Embora rápido, foi muito bom conhecer o funcionamento de uma produção de cinema”, relembra ela, que na ocasião deu vida a Carmem, uma candidata para o Mar Alto. Antes mesmo de desejar ser atriz, a veia musical já pulsava. “Canto desde os cinco anos, mas só comecei a escrever música aos 12. Quando a carreira no teatro começou, deixei de lado o sonho de ser cantora. Porém, em 2017, eu encontrei a Carranca Records, um coletivo de rap paulistano, e eles me convenceram a gravar “LARINU”, meu primeiro EP, com três faixas autorais. Foi aí que me dei o apelido Larinu, pra diferenciar a carreira de atriz com a de cantora”, diverte-se a artista, que compõe todas as suas canções. O segundo EP, “Quando Ismália Enlouqueceu…”, surgiu recentemente – é uma mixtape de confinamento, gravada em casa durante a quarentena. Sem nunca ter feito aulas de canto, Larissa passeia entre estilos musicais variados, como o Pop, o Hip Hop e o Neo-Soul. “Eu sempre tive a arte como um refúgio e, aos poucos, fui querendo levar isso mais a sério. Gosto de dizer que nasci com essa vontade e fui só desenvolvendo”, ressalta. Mas afirmar a arte como caminho não foi fácil. Antes de se formar atriz, ela passou pela faculdade de jornalismo e trabalhou em banco.

“Minha mãe teve muita resistência em me aceitar como artista. Foi difícil pra minha família. Hoje entendo que o
mercado reflete muito a sociedade que vivemos. Os artistas negros têm tido novas conquistas, surgiram oportunidades nos grandes meios e a galera também está se produzindo de forma autônoma. Porém, o espaço dado é muito pouco perto da quantidade de negros no país e na arte. Sinto que a cada conquista que tenho, mais e mais preciso conquistar, porque tudo parece escasso. No final das contas, eu quero apenas mostrar meu trabalho e ser reconhecida por ele”, finaliza.

Entre os projetos da artista, um deles é com a Star+, plataforma de streaming que chegou ao Brasil em 2021. Esse ano, ela também fez sua estreia em novelas como Letícia em Além da Ilusão (2022), na Globo.

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