A música de Virgínia Rosa
Saiba mais sobre a história e a música de Virgínia Rosa
TEXTO e Ilustração: Leandro Valquer | Adaptação web: David Pereira
A música acompanha Virgínia Rosa como uma estrela antes ainda do berço. Sua mãe vivia cantando pela casa, encantando os ouvidos da família. Seu pai, na juventude em Minas, era músico de coreto e sempre andou com o violão por perto, atiçando a arte nas crianças, tanto que Virgínia, às ocultas e diante dos espelhos, começou a interpretar, dançar, cantar como se predestinasse seu futuro nos palcos da vida. Participava também de serenatas com o pai, que foi, pouco a pouco, diversificando e aumentando o repertório da menina com pitadas de Beatles e Secos & Molhados.
Os primos, que também cultivavam o bom gosto pela música, passaram, então, a trocar figurinhas até que resolveram montar um grupo com influências de Milton Nascimento, Elis Regina, Beto Guedes, Alceu Valença… Nascia o Grupo Lógica, que se apresentava em festivais estudantis. Virgínia, faminta, sabia que tinha muito ainda pela frente e foi estudar violão. Seu professor era Luís Rondó, o guitarrista da ainda desconhecida banda Isca de Polícia, que acabava de gravar Beléléu Via Embratel.
Os estudos de Virgínia com Rondó intercalavam canto e violão. Foi nesse período que Rondó apresentou Virgínia a Itamar Assumpção. Ela foi, portanto, a primeira vocalista da banda. Inicialmente, ensaiaram duro por três meses consecutivos para que Virgínia aprendesse as complicadíssimas frases vocais, composta por Itamar e o grupo. A vivência com a banda ampliou o repertório e as possibilidades experimentais da moça, que continuou atuando em meio ao movimento estético-social intitulado “Lira Paulistana”. Cantou com Tetê Espíndola no disco e espetáculo Gaiola, e concorreram no festival da Rede Globo com a música Escrito nas Estrelas, uma composição de Tetê Espíndola. Conquistaram o primeiro lugar! Ná Ozetti estava saindo da banda Mexe com Tudo e, com convite para substituí-la, Virgínia retornou ao seu elemento, às suas raízes mais populares. Durante sete anos integrou a banda, cantando maxixe, samba, choro, forró… No início a Mexe com Tudo se apresentava para 50 pessoas apenas, porém, em dois anos já eram mais de mil enfileirados em frente ao Bar Avenida, em São Paulo. A banda expandiu, com o saldo de um disco produzido na França e turnês pela Europa. A carreira solo de Virgínia foi de vento em popa, cantando tudo o que teve vontade: carimbo, jazz, funk, forró, choro, música erudita, samba… E com total liberdade! Essas experiências resultaram em discos como Batuque (1997), A Voz do Coração (2001), Samba a Dois (2006), e Baita Negão (2008), em que homenageia o cantor, compositor e artista plástico Mosueto.
Virgínia Rosa é considerada uma das melhores cantoras nacionais, tendo cantado e dividido o palco com ícones da música nacional como Chico César, Lucinha Lins, Tânia Alves, Quinteto em Preto e Branco e inúmeros outros.
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