A VIDA DO ARTISTA ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO

Saiba mais sobre a vida do artista plástico Arthur Bispo do Rosário

 

TEXTO: Amilton Pinheiro | Ilustração: Leandro Valquer | Adaptação web: David Pereira

Arthur Bispo do Rosário | Ilustração: Leandro Valquer

Arthur Bispo do Rosário | Ilustração: Leandro Valquer

A vida de Arthur Bispo do Rosário era uma concha de retalhos, cheia de lacunas, de fragmentos, de passagem inventadas pelo próprio artista e de difícil comprovação, assim como sua obra mais famosa, Manto da apresentação (espécie de bata, bordada sobre tecido, com superposição de cordas de cortina e que traz internamente uma série de nomes que, segundo o artista, seriam salvos, juntamente com ele, no dia do Juízo Final). “Bispo passou a vida numa tentativa de reinvenção de si mesmo. Chegou a se dizer textualmente, Jesus Cristo. Quando perguntavam a ele onde havia nascido, respondia: ‘Um dia eu simplesmente apareci’. É claro que isso me encantou, toda essa ficção religiosa inventada por ele, mas, como jornalista, tive que também seguir seus passos nessa nossa realidade”, diz Luciana Fidalgo. Em 1996, ela escreveu Arthur Bispo do Rosário – O Senhor do labirinto, biografia que serviu de base para o cineasta Geraldo Motta produzir um filme sobre o artista, O Senhor do Labirinto.

Luciana mergulhou fundo no universo do descendente de escravos nascido no início do século XX, no interior do Nordeste brasileiro, no rastro de toda a discriminação racial da época. “Aos olhos da sociedade branca e burguesa, ele era facilmente rotulável: negro, pobre, louco”.

A vida de Arthur Bispo do Rosário:

Arthur Bispo do Rosário passou a maior parte de sua vida dentro da Colônia Juliano Moreira, e lá produziu a quase totalidade de suas obras (nas raríssimas vezes que saiu e ficou na casa da Família Leoni, produziu algumas de suas peças). No manicômio, ele logo aprenderia os códigos da sobrevivência. O seu corpo forte, sua expressão sisuda e contato com o boxe, que ele aprendeu durante os tempos em que viveu na Marinha, entre os 15 aos 23 anos, ajudaram-no a ser respeitado dentro do manicômio, tanto pelos pacientes, como pelos funcionários da Colônia Juliano Moreira. Era conhecido como “xerife” e impunha respeito pra si e para sua obra, que ninguém se atrevia tocar.

Arthur Bispo do Rosário viveria grande parte de sua existência quase no anonimato e ele e sua obra iriam ser descobertas em 1979, quando o jornalista Samuel Wainer Filho foi fazer uma reportagem para o Fantástico, da Globo, e que iria ao ar no dia 18 de maio de 1980. O mundo passaria a conhecer o universo (suas obras) que o Bispo criou para si.

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