Acusado de chamar fotógrafa de Cuiabá de ‘crioula maldita’ é indiciado por crime de racismo

Rafael André Janini confessou ser o autor dos áudios, mas negou ser racista por também ser negro. Ele também deve responder por injúria qualificada e ameaça.

Acusado de xingar a fotógrafa Mirian Rosa, de 32 anos, ‘crioula maldita’ e outras ofensas em áudios no WhatsApp, o jovem Rafael André Janini foi indiciado por crime de racismo. Segundo a Polícia Civil, o inquérito que investigava os insultos foi concluído e encaminhado à Justiça.

Durante a investigação, Rafael foi ouvido e confessou à polícia ter gravado e enviado os áudios. Ele, entretanto, negou ser racista por também ser negro.

Ainda em depoimento, o rapaz alegou ter mandado os áudios em legítima defesa, após ter supostamente discutido com a vítima.

Rafael deve responder ainda por injúria qualificada e ameça.

Mirian registrou registrou boletim de ocorrência contra Rafael no dia 2 de maio para denunciar o ataque após receber os áudios no dia anterior.

“Desde quando preto é gente? Vou falar uma melhor: quem é você na fila do açougue? Eu vou responder para você: pobre não come carne. Então, nem na fila do açougue você entra, crioula maldita”, diz Rafael num dos áudios.

À época em que recebeu os áudios, a fotógrafa afirmou que conheceu o autor das mensagens por meio de um grupo de amigos dela, mas não teve nenhum contato com ele depois dessa reunião.

As mensagens racistas chegaram até Mirian depois que ela ignorou um áudio da antiga amiga. No áudio, a mulher criticava o cabelo da fotógrafa.

Em seguida, outros áudios do homem foram encaminhados. Neles, ele chama a fotógrafa de escrava e pergunta qual o preço dela no mercado.

“Quero saber se você tem dono ou não. Fui no mercado de escravo no Porto e não vi nenhuma escrava no seu valor. Quero comprar uma escrava, mucama, cozinheira, faxineira ou algo assim para minha casa. Quero ver a crioulada trabalhar para mim”, continuou.

Os ataques e ofensas continuram em outras mensagens recebidas.

“Pode dar tiro em crioulo, tacar fogo ele não sente nada. A única coisa que crioulo sente é ele no tronco e o chicote nas costas”.

Nota de repúdio

À época, o Instituto Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune) repudiou em carta aberta o ataque racista sofrido pela fotógrafa.

“Este senhor violentou não somente uma mulher negra, mas à coletividade destas mulheres que, como Miriam, são trabalhadoras e ganham a vida, compondo, hoje no Brasil, a maioria entre as chefes de família”, diz trecho do documento.

Ainda na decisão, a Justiça determinou a realização de um estudo psicossocial na casa da vítima e do agressor. Segundo o MPE, o acusado ainda não havia sido intimado da decisão.

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