Alerj aprova alteração de nome do Maracanã para “Rei “Pelé”
Caso o governador do Rio de Janeiro assine a mudança, o Estádio Jornalista Mário Filho se chamará Estádio Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé.
Uma polêmica decisão agitou o mundo dos esportes esta semana. Os deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) votaram a favor do projeto que renomeia o Maracanã, passando a ser chamado de Estádio Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé. A decisão será acatada se o governador em exercício sancionar a proposta.
O estádio, popularmente conhecido como Maracanã, tem o nome em homenagem a um dos primeiros jornalistas esportivos do Brasil, Mário Filho, que fez campanha assídua pela construção da arena para a Copa do Mundo de 1950, no Brasil, inicialmente projetada para Jacarepaguá, distante do centro.
Além de ter papel fundamental na construção do Maracanã, Mario Filho criou um jornal exclusivo para o esporte nos anos 30, democratizando a informação sobre o futebol. Criou também o Torneio Rio-São Paulo, que se tornou nacional, inclusive palco para Pelé posteriormente.
Com vivências no ramo futebolista, foi autor de diversos livros sobre o tema, incluindo “O Negro no Futebol Brasileiro”, de 1947, em que propôs reflexão sobre a importância da cultura negra neste esporte. Com o tempo a obra ficou ultrapassada, mas não descartável, já que o racismo abordado no livro mudou apenas de forma.
Já Pelé é o ex-jogador brasileiro de futebol mais reconhecido da história, intitulado inclusive como “Rei Pelé”. Foi designado como Embaixador Mundial do Futebol e eleito o “Atleta do Século”. Levou o Santos Futebol Clube, onde atuou por mais de duas décadas, a ganhar mais de quarenta títulos.
Fez sua estreia na seleção brasileira no Estádio do Maracanã, em 7 de julho de 1957, com 17 anos incompletos, na Copa Rocca, no jogo contra a Argentina, onde marcou seu primeiro gol pela seleção.
Dentre vários títulos paulistas e nacionais, totalizou 1282 gols em sua carreira, conquistado em 1366 partidas oficiais. O milésimo gol de Pelé, que entrou para a história, foi marcado no Maracanã, no dia 19 de novembro de 1969, na cobrança de um pênalti, no jogo entre Santos e Vasco.
O último jogo de Pelé pela seleção também foi no Estádio do Maracanã, em 18 de julho de 1971, na partida entre Brasil e Iugoslávia, com o placar de 2 a 2.
A vida pessoal de Pelé é marcada por diversas polêmicas. Dentre as mais expressivas, a relação difícil que teve com a filha Sandra Arantes do Nascimento, reconhecida apenas em 1996 depois de uma batalha judicial. Sandra morreu 10 anos depois com câncer de mama e familiares relataram que em seu leito de morte, pediu para ver o pai, mas não teve o pedido atendido.
A mudança de nome do Estádio vem dividindo opiniões. O presidente da Alerj, deputado André Ceciliano, se diz a favor. “Pelé é considerado o maior jogador de todos os tempos. Ele representou o Brasil e representa. Não tenho dúvida que o Maracanã vai continuar sendo chamado de Maracanã. Todo o complexo se chamará jornalista Mário Filho, porque todos nós sabemos a luta que ele teve para a construção do estádio no local onde se encontra”, explicou à imprensa.
Já o apresentador Edmilson Ávila, após ler o documento ao vivo no RJTV ficou indignado com as justificativas e se desfez do papel ao vivo. “Este projeto é inadequado. Olha o que diz a justificativa: ‘Pelé é um ex-futebolista brasileiro que atuava como atacante’. Não diga! E também diz aqui: ‘Pelé fez seu milésimo gol no Maracanã’. Não diga! É verdade? Diz aqui também: ‘pessoa reconhecida mundialmente’. Não diga que o Pelé é reconhecido mundialmente! Estou sabendo disso tudo agora”, esbravejou o apresentador com ironia. Pelé ainda não se manisfestou sobre o assunto. Já a família de Mário Filho teme o apagamento de sua história.