ARTRITE REUMATÓIDE: VOCÊ SABE O QUE É?

por LANA MACRIS

Ao contrário do que muita gente pensa, artrite reumatoide não é um mal que atinge exclusivamente pessoas idosas. também não é uma inflamação de uma articulação apenas. AR, como é conhecida no meio médico, é uma doença bastante cruel, e difícil de aceitar e lidar, sobretudo em pacientes mais jovens, pois, embora cause limitações enormes, não exime o paciente de ter uma vida social condizente com sua faixa etária. E é justamente aí que ela começa a mostrar seu aspecto mais cruel.

Artrite Reumatóide é uma doença autoimune, inflamatória, sistêmica e crônica. Isso equivale a dizer que os tecidos são atacados pelo próprio sistema imunológico do corpo, causando inflamação e dor; por ser sistêmica, ela pode afetar diversas partes do organismo(embora atinja principalmente as articulações); por ser crônica, não se consegue obter sua cura (apenas o seu controle). Pode atingir pessoas de todas as idades, inclusive crianças.

O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica e exames laboratoriais e de imagem. A causa não é conhecida, porém a maioria dos cientistas concorda que sua origem está relacionada a uma combinação de predisposição genética e fatores ambientais. Os principais sintomas são: dor, inchaço, rigidez e inflamação nas membranas sinoviais (película fina que reveste as articulações) e estruturas articulares. Com a progressão da doença, não sendo tratada adequadamente, o paciente pode desenvolver incapacidade para a realização de suas atividades cotidianas, desde as mais simples, como abrir uma garrafa, até sua higiene pessoal. Embora mãos e pés sejam os mais comumente afetados, outras articulações como joelhos, quadris, ombros e tornozelos também podem ser atingidas, além de alguns órgãos como olhos, pele, sistema nervoso, rins, coração e pulmão.

A dor causada pela AR é específica

Isso porque sempre ocorre bilateralmente, isto é, se dói um joelho, o outro também dói, ou seja, é simétrica. Outros sintomas também acompanham a AR, como olhos, boca e lábios secos, além da fadiga. Outro fator importante é a carga emocional, ao se deparar com o diagnóstico e prognóstico da doença, o que faz com que na maioria dos casos, o paciente também desenvolva depressão, isto porque a dor crônica leva à depressão pelas próprias alterações químicas no cérebro, diz a doutora Deise Herrera Righi, reumatologista há 40 anos, e acrescenta: “bursites, tendinites, síndrome do carpo, artrose e fibromialgia frequentemente surgem em pacientes com AR”.

O tratamento consiste em terapia medicamentosa e fisioterapia. “A classe medicamentosa evoluiu muito nos últimos anos e o surgimento dos imunobiológicos foi um marco importante no tratamento. Existem vários biológicos, é preciso ir tentando até conseguir um que não dê reação, e possibilite a retirada do corticoide do tratamento”, diz a reumatologista.

O fato é que a AR é uma doença sistêmica, altamente incapacitante, progressiva e crônica, que causa além de dor física, dor moral e emocional ao paciente impedindo-o de dar continuidade normal à sua vida, uma vez que várias adaptações sociais, laborativas, emocionais e econômicas são necessárias. “Costumo dizer que, antes da AR, eu era uma pessoa, com planos e projetos a perder de vista e uma disposição imensa de lutar pela realização de cada um deles. Depois da AR, tive que me reinventar e mudar o curso da minha vida; hoje, meus planos e projetos são apenas aqueles que minhas limitações permitem, porque não sou dona dos meus dias e das minhas vontades.

Relatos

Às vezes, não tenho disposição nem pra me levantar de manhã, porque sei que as dores vão vir com tudo, e até escovar os dentes pode ser extremamente doloroso. Tudo em minha vida é submetido ao humor da doença”, diz a paciente Mara Bento, de 42 anos, diagnosticada com AR aos 28 anos.

Portanto, “é preciso que haja um novo olhar sobre a AR, mais atento, mais demorado, mais disponível, para compreender que o paciente acometido pela AR luta diariamente para ter alguma qualidade de vida, apesar de tantas dores e limitações. E respeitar essa luta, porque infelizmente, muitas pessoas, inclusive médicos, acham que não é nada, mas quem sente na pele, sabe que poucas dores podem ser tão incapacitantes”, diz ainda a paciente.

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