Bahia tem maior índice de universitários de origem negra

Por Flavia Cirino Fotos: Divulgação

 

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) formou em novembro do ano passado a primeira turma de estudantes de Medicina majoritariamente negra.

 

Segunda maior instituição de ensino universitário da Bahia e a mais negra do Brasil, com mais de 80% de alunos autodeclarados negros, a turma destaca 31 alunos formados, dos quais 29 já colaram grau por conta do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e dois estudantes dessa mesma turma devem ser contratados para trabalhar na região, no município de Amargosa. A maioria é autodeclarada negra.

 

“Vivemos em uma sociedade onde o percentual de jovens negros na Universidade é muito pequeno e, quando se trata de cursos como Medicina e Direito, o percentual é ainda menor. Ocupar esse espaço que também nos pertence junto a outros dos nossos, é uma grande vitória! Temos intensificado os diálogos sobre representatividade, inclusive por conta da atual conjuntura política que ameaça o financiamento e a democratização do ensino público, sobretudo de nível superior e que, consequentemente, interfere na assistência estudantil, na política de cotas, ou seja, no acesso e permanência de outros jovens negros na Universidade”, destacou Fabíola Dantas, uma das formandas.

 

Determinada a se especializar em Medicina de Família e Comunidade, Fabíola faz parte do NEGREX, coletivo auto-organizado composto por estudantes        negros de Medicina e médicos negros do Brasil.

 

“Aos poucos os estudantes da UFRB estão se inserindo e pautando esses diálogos.”

 

A UFRB foi a primeira Universidade a aplicar integralmente a Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012), no processo seletivo a partir de 2013. E é um exemplo para um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostra um aumento gradual, nos últimos quinze aos, da inserção de negros nas universidades.

 

Segundo o estudo, entre 2102 e 2015, o número de vagas reservadas aos estudantes negros passou de 140.303 para 247.950. Após a lei, 31% das universidades públicas, que não haviam aderido a qualquer modalidade de reserva de vagas, foram obrigadas a implantá-la. A lei de cotas uniformizou, estabeleceu metas e tornou obrigatória a adoção de programas de ações afirmativas na rede federal de ensino.

O Estatuto da Igualdade Racial e as leis 12.711/2012 e 12.990/2014, que tratam do ingresso nas universidades federais e nas instituições de ensino técnico de nível médio, garantem uma reserva de 20% das vagas aos negros e negras.

 

Outro aspecto apontado como fator importante para a frequência de universitários é a expansão do ensino superior privado entre 2010 e 2014, houve um estímulo ao ingresso com o aumento dos programas de financiamento.

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