Biografia de Dolores Duran
Saiba mais sobre a biografia de Dolores Duran, “Dolores Duran – A noite e as canções de uma mulher fascinante”
TEXTO: Amilton Pinheiro | FOTO: Divulgação | Adaptação web: David Pereira
Foram mais de três anos de trabalho, 70 entrevistas com pessoas que conviveram com a compositora e cantora Dolores Duran (1930-1959) ou que conheceram a sua arte, uma centena de jornais, revistas e programas de televisão que retrataram a biografada e sua época, além de escutar todas as músicas que ela gravou. Com todo esse rico material, o pesquisador da música popular brasileira, produtor e escritor, Rodrigo Faour escreveu a biografia “Dolores Duran – A noite e as canções de uma mulher fascinante”, lançada pela Editora Record. “Foi um grande desafio, pensei em várias ocasiões que não daria conta, nunca ia terminar. A visão de Dolores Duran foi intensa, assim como a dos artistas que vivem pouco. Ela tinha certa intuição que não viveria muito. Por isso, soube aproveitar cada minuto da sua existência, com muitos amores e canções, uma intensa boêmia regada à bebida, uísque principalmente, cigarro (fumava em torno de três maços por dia) e uma disponibilidade para ser feliz e viver como poucas pessoas”, relata Rodrigo, que nos últimos anos vem resgatando diversos cantores e cantoras com organização da discografia e os textos que faz para os encartes, com a produção de shows e alguns livros, como as biografias do cantor Cauby Peixoto e Claudette Soares e a história sexual da MPB.
Para reconstituir a trajetória de Dolores, que morreu há mais de 50 anos, foi preciso a ajuda de pessoais muito especiais. “As pessoas mais importantes que entrevistei para fazer o livro sobre Dolores foram sua irmã Denise Duran, a Lela; Eloá Dias, que foi garota-propaganda e manequim, e de excelente memória; Jorgel Gullar, que trabalhou e viajou com Dolores, como a tumultuada e polêmica viagem que fizeram para a União Soviética e China; o cantor e compositor João Donato, um dos homens que ela namorou; e Eneyda Donato, artista plástica e irmã mais velha do João”, cita o autor, em tom de agradecimento.
Mas quem foi essa mulher que morreu em seu quarto, vítima de um ataque fulminante, com apenas 29 anos, e no auge da carreira? Ela foi encontrada em sua cama com uma parte do rosto e do corpo roxo e, junto aos seus pés, o seu violão, que ela dedilhou para compor belíssimas músicas. “Quando eu comecei a pesquisar sobre Dolores Duran, conhecia pouco da artista e quase nada da mulher. Só fiquei conhecendo depois desse livro. Por causa de suas músicas intensas e de fossa, muita gente ficou com a imagem de uma mulher depressiva e triste. As músicas que compôs são carregadas de sentimentos fortes, de decepções amorosas, amores infelizes, tristezas sem fim. Mas Dolores era uma mulher alegre, que adorava contar piadas, inclusive não perdia a oportunidade de soltar um palavrão quando estava junto dos amigos, que gostava de homens bonitos, de bebida, de fumar, de viajar e da boêmia. Era uma mulher reservada, inteligente, que mesmo com apenas o primário completo, aprendeu sozinha vários idiomas e sabia falar sobre diversos assuntos, era politizada e falava tudo o que tinha vontade. Enfim, era uma mulher do nosso tempo, vivendo numa conservadora Rio de Janeiro entre os anos 1940/50”, diz o autor.