Cenário da mulher no mercado de trabalho

por: Amarildo Nogueira

Mulher ou homem? Homem ou mulher? Quando um produto ou serviço é entregue, geralmente não sabemos e nem perguntamos quem produziu o mesmo, pois o que nos interessa é o resultado final. Mas por que no momento de avaliar quanto vale um serviço, as mulheres ainda são tratadas com descaso, na grande maioria, quando a questão é salário e oportunidade profissional?

Durante séculos, as mulheres enfrentaram desafios e dificuldades por onde passaram.

Nos últimos 50 anos, elas têm deixado de atuar apenas no ambiente familiar, como donas de casa, para também se lançarem no mercado de trabalho. Os avanços nas leis trabalhistas permitiram o crescimento dessa mão de obra. Em 2007, as mulheres representavam 40,8% do mercado formal de trabalho; em 2016, passaram a ocupar 44% das vagas (Portal Brasil).

A mudança do cenário econômico e das relações familiares fez com que as mulheres precisassem trabalhar para sustentar suas famílias, pois a visão do homem de ser provedor do lar já estava mudando. As famílias deixaram de ser estruturadas em um padrão tradicional composto por pai, mãe e filhos; muitas mulheres assumem o principal papel de mantenedoras de seu lar, colocando-se numa posição, obrigatoriamente, de manter suas despesas. A partir dessa posição, a mulher despontou, nos mais diversos campos de crescimento, como, por exemplo, escolar, empresarial, político, social e comunitário, estando nos altos escalões em todos os setores mencionados. Desse modo, houve um avanço na ocupação de cargos assumidos por mulheres que antes somente os homens executavam.

Em decorrência dessa mudança de cenário, a mulher, cada vez mais vem transpondo barreiras e ganhando espaço no mundo empresarial, com uma história de desafios, de conquistas de seus direitos, de reconhecimento profissional, conciliando com a vida familiar, e, muitas vezes, sendo a provedora do lar, fazendo o papel de pai e mãe.

A renda dessas trabalhadoras também tem ganhado cada vez mais importância no sustento das famílias, principalmente porque, grande parte dos lares brasileiros, estão sendo chefiados por mulheres.

Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Vinte anos depois, esse número chegou a 40% (IBGE).

Cabe ressaltar que as famílias chefiadas por mulheres não são exclusivamente aquelas nas quais não há a presença masculina: em 34% delas, havia a presença de um cônjuge.

O levantamento aponta também um crescimento na ocupação formal por mulheres entre 30 e 39 anos (43,8%) e entre 50 e 64 anos (64,3%). Os setores em que o percentual de mulheres é superior ao dos homens são administração pública e serviços, enquanto homens são maioria na indústria de transformação; agropecuária, extração vegetal, caça e pesca; construção civil, serviços industriais de utilidade pública e extrativismo mineral.

Contudo, quanto à participação em cargos de chefia e gerência nas empresas e organizações, ainda é preciso avançar. Isso porque entre 5% e 10% dessas instituições são chefiadas por mulheres no

Brasil, de acordo com um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT). As mulheres ainda recebem cerca de 70% do salário do homem para fazer o mesmo trabalho, tendo a mesma formação (IBGE, 2015); a mulher sofre outras penalidades apenas por ser mulher.

Mais pesquisas

Em um levantamento realizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2014 realizada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das mulheres ocupadas com 16 anos ou mais de idade, 18,8% possuíam Ensino Superior completo, enquanto para homens, na mesma categoria, esse percentual é de 11%. A pesquisa indica ainda que as mulheres são maioria para o Ensino Médio completo ou Superior incompleto: 39,1% das mulheres se enquadram nessa categoria, contra 33,5% dos homens.

Na hora de eleger os representantes políticos nas urnas eletrônicas, o número de mulheres é superior ao de homens em quase todas as faixas etárias no Brasil. De acordo com dados da edição de 2016 da pesquisa Estatísticas de Eleitorado, publicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 76.534.83 mulheres votaram na última eleição, quase 53% do total de 146.470.880 eleitores no país.

Dentre os avanços que este tema tem obtido nos últimos anos, as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho. Diariamente, pode-se observar sua atuação dinâmica, nos mais diversos setores, sendo notório seu crescimento frente à ocupação de cargos mais estratégicos. Todavia, há que se destacar que mesmo com a modernidade, os desafios são inúmeros, já que se acumulam afazeres em seu cotidiano.

Neste contexto surge a discussão sobre o tema responsabilidade social corporativa e cidadania empresarial, para tratar com relevância quais as melhores práticas para oportunidades iguais para mulheres e homens, que gira em torno da preponderância do fator ética. O conceito de responsabilidade social tem se ampliado para as empresas. Antes, o foco eram empresas que desenvolviam projetos socialmente responsáveis, procurando contribuir com a comunidade. Hoje o público em geral, seja clientes, admiradores da marca/empresa, colaboradores e até mesmo fornecedores, esperam que essas empresas, não façam distinção entre mulheres e homens, proporcionando oportunidades iguais, permeando todos os processos decisórios da empresa.

Por fim, no Dia Internacional da Mulher, nós da revista Raça queremos não apenas parabenizar todas as mulheres, como também homenagear aquelas que contribuíram e contribuem, de qualquer maneira, com os avanços conquistados até hoje e para uma sociedade mais igualitária para homens e mulheres.

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