E o racismo continua humilhando e matando

negro de 40 anos (George Floyd) foi brutalmente assassinado, pela Policia de Mineapolis (EUA), causando comoção mundial e influenciando até mesmo na derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais norte americanasdaquele ano.

Logo em seguida, aqui no Brasil (novembro de 2020), um homem negro de também 40 anos (João Alberto Silveira Freitas), foi brutalmente assassinado (espancado até a morte por seguranças) nas dependências do hipermercado Carrefour em Porto Alegre, causando forte comoção nacional. 

Nos dois casos os autores dos assassinatos foram punidos, as campanhas contra a violência racista das forças e segurança ganharam protagonismo, legislações foram alteradas, indenizações foram pagas. Mas, ao que tudo indica – o racismo e a violência policial, não dão tréguas e continuam fazendo suas vítimas. 

Esse final de semana, tanto lá (EUA), quanto aqui (Brasil), os fatos se repetiram. Até mesmo a frase fatídica da mortede George Floyd, foi repetida pelas novas vítimas: 

“Eu não consigo respirar”. 

Nos Estados Unidos, Frank Tyson de 53 anos, preso, algemado, sem oferecer resistência, morreu com um policial ajoelhado sob seu pescoço, na cidade de Canton/Ohio. 

No Brasil, um homem negro (César de Carvalho, músico de 31 anos) foi estrangulado, preso, humilhado por um policial militar e por pouco não foi assassinado. Além disso, teve um jato de spray de pimenta espirrado contra seus olhos e ficou detido dentro de uma viatura policialpor uma hora e meia, sem qualquer justificativa plausível, a não ser o fato de ser preto. 

Em nota, a Polícia Militar paulista de forma protocolar e cínica, afirmou: “a conduta dos policiais contraria os protocolos operacionais da PM”. Só rindo, para não chorar. 

Embora com resultados distintos, esses dois fatos se conectam com o recrudescimento do racismo no mundo, em particular nas forças de segurança dos Estados, seja no Brasil ou nos EUA. Parece que nada mais intimida, regula ou controla a atuação dessas forças policiais. 

No Brasil, o caso é mais grave ainda, pois são estimuladasa agirem com violência, desrespeitarem direitos de pretos e pobres em nome do combate ao crime. O aparato que deveria nos proteger, nos intimida, amedronta e humilha, quando não mata. 

Detalhe: No caso brasileiro quem havia chamado a PM para se proteger de uma tentativa de agressão à faca, era o músico César de Carvalho. E sequer teve tempo de abrir a boca.

Afinal, ele era preto e preto não fala. Preto não tem direitos. Preto é vagabundo. Preto é bandido e segundo asautoridades policiais no Brasil – “bandido bom é bandido morto.”

A impunidade das forças de segurança no país é algo preocupante. Em nome do combate ao crime tem sidotoleradas a formação de milícias, de grupos de extermínio, assim como da prática generalizada de prender, julgar, condenar e executar sem qualquer procedimento legal, aqueles que são considerados “suspeitos”. 

O apoio que grupos ideologicamente vinculados a extrema direita do país, vem dando a esse tipo de prática, é criminoso e precisa ser enfrentado e combatido, por todos os democratas, sejam eles brancos ou negros. Até porque, as grandes vítimas tem sido a nossa juventude, em particular a juventude preta e pobre. 

Basta de notas vazias e protocolares. Racismo é crime, ainda mais quando cometido por agentes públicos e crimes devem ser combatidos com os rigores da lei. 

Toca a zabumba que a terra é nossa!

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Mestre em Cultura e Sociedade pela Ufba. Ex-presidente da Fundação Palmares, atualmente é presidente da Fundação Pedro Calmon - Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

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