Entrevista com o cantor Mumuzinho
Confira trechos da entrevista com o pagodeiro Mumuzinho
TEXTO: Fernanda Alcântara | FOTOS: Guto Costa | Adaptação web: David Pereira
Márcio da Costa Batista é um daqueles sucessos promissores do pagode que aparecem de tempos em tempos para a alegria dos fãs do gênero. Aos 29 anos, Mumuzinho, como é conhecido por todos, conta com uma respeitável bagagem artística. O jovem do bairro de Magalhães Bastos, no Rio de Janeiro, já mostrou que tem talento não apenas na música, mas também na tela grande, participando de filmes como “Tropa de Elite” e “Cidade de Deus”, dois dos longas mais aclamados pela crítica do cinema brasileiro nas últimas décadas.
Em 2007, mesmo ano de lançamento de Tropa de Elite, Mumuzinho já começava a mostrar sua vocação para a música. Fez diversos shows de abertura para artistas como Belo e Exaltasamba, e, um ano depois, foi chamado por Dudu Nobre para ser um dos vocalistas de apoio. Mas isso ainda era pouco para o menino carioca, que sabia que poderia alçar voos mais altos. Com uma paixão pela boa música e bons amigos neste meio, Mumuzinho passou frequentar pagodes na casa de Alcione, Regina Casé e do empresário José Maurício Machline. E foi em uma destas festas que o jovem chamou a atenção da madrinha e amiga Regina Casé com suas imitações de artistas famosos, que lhe valeram participação fixa no Esquenta!, atração dominical da Rede Globo. No “picadeiro” do programa, ele tem liberdade para exercer os seus vários talentos e mostrar seu carisma tipicamente carioca. Há três anos se destacando na televisão, principalmente pelo talento como cantor de pagode, chamou a atenção dos veteranos Péricles, Arlindo Cruz, Alexandre Pires e Alcione. Além de estar na telinha, Mumuzinho faz cerca de 25 shows por mês e, com a música “Fala”, do seu primeiro CD “Dom de Sonhar” entre as mais tocadas nas rádios do Brasil, o pagodeiro também já lançou o seu primeiro DVD, “Mumuzinho Ao Vivo”, pela Universal Music.
Veja trechos da entrevista com o músico Mumuzinho
Como foi a sua infância? Como você se descobriu cantor?
Na minha infância eu fui uma pessoa com muitos amigos e ligado à família. Tanto que raramente me deixavam sair de casa sozinho, tampouco com o meu irmão mais velho. Saía apenas com a minha mãe. Acho que o gosto pela música surgiu porque meu pai era cantor evangélico, mas eu acabei não seguindo esse lado da música. Quando eu comecei a sair para a rua, tinha um pagode praticamente a cada esquina. Eu ficava observando, e acabei me apaixonando pela música. Fui fazer aula de cavaquinho e depois percussão. Montei um grupo de pagode pouco depois, e então gravamos o nosso primeiro CD e colocamos na internet. Foi incrível, as pessoas podiam acessar e começaram a me conhecer mesmo, foi um sucesso. Depois eu saí do grupo e comecei a fechar uma banda solo, e assim estou até hoje.
Você tem uma carreira musical há bastante tempo, mas só nos últimos anos ganhou reconhecimento nacional. Como você está lidando com o sucesso desde então?
O sucesso é algo bem tranquilo para mim. Mais do que qualquer coisa, é bom ter reconhecimento pelo seu trabalho, saber que as pessoas te acompanham e te admiram. Acho que a fama só ajuda para que eu queira continuar o trabalho, fazer com que as pessoas entendam e curtam a minha música. Mas é claro, sempre mantendo o pé no chão, eu levo tudo isso de forma muito tranquila.
Na sua carreira de ator constam diversos filmes nacionais, nos quais vocêmostrou muita desenvoltura. Como você encara esta outra carreira?
Eu costumo dizer que uma coisa acaba puxando a outra. Foi um aprendizado incrível ser ator, mas infelizmente não dá para conciliar com a agenda decantor, ambas são muito puxadas, e se eu tenho que escolher entre uma delas eu escolho ser cantor, que é o que me dá mais alegria, que eu tenho paixão mesmo. A atuação eu uso mesmo no palco, com certeza a experiência no cinema me deu mais confiança para interagir com o público, e eu gosto muito desta participação. Acho que poder exercer esse meu lado ator no palco é incrível, acabo me aproximando mais da galera.
Você participou de filmes que relatam diferentes formas de discriminaçãoracial e social. Já sentiu esses problemas na pele?
Já fui muito discriminado sim, e nem preciso ir muito longe. Na semana passada fui a um restaurante com a minha namorada. Era um restaurante desses caros mesmo, e visivelmente tinha muitas pessoas brancas. Passamos por uma mesa em que estavam sentados vários jovens, pareciam ter a minha idade, mas todos brancos, e começaram a fazer comentários do tipo “como essa menina pode estar com este neguinho?”. É claro que nós ouvimos e ficamos meio chateados com a situação. Eu sei que o preconceito está diminuindo, mas ainda existe muito por aí, é uma coisa que não tem como negar. De minha parte, eu continuo curtindo, compondo, enfim, foco minha vida no meu trabalho e me esforço para sempre estar melhorando.
Em 2011, você começou a participar do programa Esquenta!. Como surgiu este convite e o que você está achando experiência?
O Esquenta é uma oportunidade maravilhosa de fazer com que o pessoal me conheça. Minha prioridade hoje é fazer show para que a galera possa curtir e reconhecer o meu trabalho. Eu sou aquilo que aparece na TV, gosto de música, de dar risada, de estar com os amigos. Lá, eu tenho a oportunidade de estar sempre aprendendo com muita gente incrível, a própria Regina [Casé] é uma pessoa maravilhosa, que acolhe todo mundo de braços abertos. Acho que só tenho a agradecer por esta chance.
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