escola quilombola no Rio de Janeiro sofre ataque
Na última quarta-feira (6), a escola municipal Áurea Pires da Gama, situada dentro do quilombo, de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis, foi violentamente depredada. Segundo a líder comunitária Marilda Souza, coordenadora da Associação de Remanescentes do Quilombo Santa Rita do Bracuí, os ataques começaram em 2015 quando a escola se autodeclarou quilombola.
“Desde que a gente começou a falar que a escola seria uma escola quilombola, ela começou a sofrer diversos ataques de estrutura, mas dessa última vez eles disseram que vão ‘matar’ todo mundo, ameaçando a diretora”, relembra.
Os banheiros foram pichados com tinta vermelha, fazendo alusão ao sangue. Nas paredes, escreveram “vão morre (sic)”. Além disso, quebraram materiais escolares e ameaçaram a diretora da escola. Marilda conta que a diretora Priscila Bahia sofreu ataques também por ser uma mulher negra.
Duas semanas atrás a escola já tinha sido invadida, mas não houve ameaça de morte. Já no ano passado, algumas salas foram incendiadas e houve tentativa de colocar fogo também na biblioteca.
A professora Martha Abreu, docente do departamento de História da Universidade Federal Fluminense, realiza projetos de pesquisa e extensão na comunidade. Ela conta como está o clima depois do episódio: “está todo mundo muito abalado porque foi uma violência muito grande e assustadora, com ameaça de morte à direção da escola e à comunidade como um todo”.
Em nota, a prefeitura lamentou “o vandalismo com o prédio público e, mais ainda, a tentativa de intimidação aos profissionais”. A Polícia Civil está investigando o caso e o Ministério Público foi também acionado.
Com 822 estudantes do segundo ciclo, a escola quilombola é vista como uma conquista para comunidade. Reconhecido pela Fundação Palmares em 1999, o quilombo Bracuí espera até hoje a titulação das terras ser realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Localizada às margens da rodovia Rio-Santos, a comunidade quilombola de Santa Rita do Bracuí trava há décadas uma luta contra a especulação imobiliária do entorno para se manter nas terras dos seus antepassados.