FLUP chega a 7ª edição e celebra a temática negra

Festival será realizado no Cais do Valongo e homenageia Martinho da Vila e Maria Firmina dos Reis

Um dos principais locais de entrada de escravos durante a colonização do Brasil e o único vestígio material após a chegada dos africanos escravizados nas Américas, o Cais do Valongo foi o palco escolhido para receber a sétima edição da Festa Literária das Periferias (FLUP), que acontece entre os dias 06 e 11 de novembro. A escolha do local está diretamente relacionada ao grande tema dessa edição do festival: a negritude. Ao longo dos seis dias, a programação vai contar com mesas propositivas e desafiadoras, apresentações de poesia falada e atividades para o público infantil, somando mais de 80 escritores, poetas e debatedores nacionais e internacionais. 

“Nossa programação desse ano será totalmente voltada à questão negra, não apenas nos temas propostos, mas também no time de autores, debatedores e slammers que participarão do festival”, destaca Ecio Salles, um dos fundadores e curadores da FLUP.

Nesta sétima edição, a FLUP escolheu homenagear dois grandes nomes da cultura brasileira. O primeiro deles, mais conhecido entre o público geral: Martinho da Vila, no ano em que completa 80 anos. Já a segunda, não menos importante, é Maria Firmina dos Reis, primeira romancista brasileira. Apesar de sua importância, que não é devidamente reconhecida, há poucos registros de sua aparência. Em São Luís, sua terra natal, a única estátua foi feita com traços “embranquecidos”. A organização do festival inclusive abriu uma chamada, em parceria com a MOLAA, no último mês, para que artistas dessem uma “cara” a essa grande personagem da literatura brasileira. O resultado dessa iniciativa será incorporado na cenografia da FLUP.

“Não à toa esta é a primeira FLUP fora de uma favela, numa região central do Rio de Janeiro. Isso se deve ao reconhecimento da centralidade do debate racial em um país cuja população é majoritariamente negra. O leitor que fez do Lázaro Ramos um fenômeno de vendas é provavelmente o mesmo que tem superlotado produções como Elza e o Pequeno Príncipe Preto. Só não percebeu essa demanda de mercado quem é desinformado ou preconceituoso”, comemora Julio Ludemir, outro fundador da FLUP.

Programação tem nomes de peso 


A abertura do festival (dia 06) será com a já tradicional revoada de balões.  No início da noite, o evento segue com um debate sobre a invisibilidade da mulher negra na literatura pegando como grande exemplo a homenageada Maria Firmina dos Reis. Participam do debate, no formato TED,
Eduardo de Assis Duarte (MG), Luciana Diogo (SP), Giovana Xavier (RJ) e Jarid Arraes (CE). Outro ponto alto do primeiro dia de atividades será a recriação do célebre desfile de Zuzu Angel, de 1971. Nele, o evento fará um paralelo entre a crítica feita pela estilista contra a morte de jovens pelo governo militar e o genocídio da juventude negra pelo Estado nos dias atuais.

O segundo dia (07) dá início à programação infantil do festival, a Flup Parque – ou Flupinha – que contará com atividades lúdicas como contação de histórias, encontro com autores e clubes de leitura. Na parte da tarde, os painéis começam com um debate sobre a herança de Machado de Assis na literatura de periferia. A conversa será entre Maurício Hora, Tom Farias e Geovani Martins, com a mediação de Thiago Ansel. Na sequência, a FLUP abrirá uma de suas mais características atividades, o Rio Poetry Slam, batalha de poesia falada que contará com slammers de 16 países como Noruega, Canadá, passando por Sudão e Bélgica, até o Brasil e Trinidad e Tobago. O painel da noite será com o moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa e o baiano Muniz Sodré. Eles debaterão o resgate do pensamento ancestral em seus países de origem. Para encerrar o dia, mais Slam. Além da segunda rodada da competição mundial, a primeira seletiva do Slam BNDES, que reúne 16 poetas de diversos estados do Brasil.

O terceiro dia de FLUP (08) também começará com as atividades da FLUP Parque, pela manhã, e o Rio Poetry Slam, no início da tarde. Já a primeira mesa reunirá nomes de peso: Gilberto Gil e Liniker, com mediação de Heloísa Buarque de Hollanda, falando sobre como a MPB tem sido uma plataforma inesgotável de transgressões. Em seguida, a mesa “Feminismos Plurais”, também no formato TED, receberá Carla Akotirene, Djamila Ribeiro, Joice Berth, Juliana Borges e Silvio Almeida. As últimas atrações da noite serão outras seletivas do Rio Poetry Slam e do Slam BNDES.

Na sexta-feira, dia 09, a programação matinal ficará por conta da Flupinha. Já na parte da tarde, a mesa “Páginas Reveladas” reunirá os três primeiros colocados do Slam Pequena África para discutir a renovação do poetry slam no Brasil e no Rio de Janeiro. Em seguida, teremos um debate, envolvendo o poeta Saul Williams e o curador Bonaventure Ndikung, sobre o que os curadores da FLUP estão chamando de Renascimento Sankofa, uma revolução cultural que está colocando artistas africanos e da Diáspora no centro da produção cultural e artística mundial. 

O sábado, penúltimo dia do festival, será repleto de bons debates. No início da tarde, a mesa “Quando lemos a nós mesmos” analisará o quanto a leitura de autores negros pode mudar o curso de vida de um jovem negro. O papo reunirá Carla Fernandes, Paola Anacoana, Mtima Solwazi. Em seguida, Marcelo D’Salete e Ana Maria Gonçalves fazem a mesa Revoluções Invisíveis, com mediação de Ale Santos. O último painel do dia fará uma análise sobre o tema “As Áfricas possíveis” com dois nomes de projeção internacional: Felwine Sarr, escritor e economista senegalês, e Taiye Selasi, fotógrafa e escritora londrina selecionada como uma dos “20 melhores escritores jovens britânicos” em 2013. Na sequência, os organizadores da FLUP entregarão o prêmio Carolina de Jesus, que homenageia personalidades que tiveram sua vida transformada ou que transformaram a vida de alguém pela literatura. Para finalizar, a grande final do Rio Poetry Slam.

No domingo, dia de encerramento da FLUP, Renê Silva, Spartakus e Ana Paula Lisboa farão um debate sobre o fato de pessoas que trilham caminhos de sucesso na vida, adotarem uma narrativa em primeira pessoa e como esse fato as torna referências em seus grupos socioculturais. Na mesa seguinte, Esmeralda e Márcio Barbosa – com a mediação de Marcio Black – debatem sobre os 40 anos da célebre publicação, Cadernos Negros, um marco para a literatura brasileira e para o movimento negro. Já no último painel da FLUP, uma das principais mesas, com o tema “E Quando eles não admitem que são racistas?”, que contará com nomes de peso do feminismo negro: Mame-Fatou Niang e Rokhaya Diallo. E a grande celebração de encerramento do festival fica por conta da final do FLUP Slam BNDES.

Ao longo de seis anos, o evento reuniu mais de 500 autores nacionais e internacionais e teve um público médio de 100 mil pessoas, se contabilizadas todas as ações organizadas pela FLUP ao longo dos anos.

Muito além de uma semana

A maratona do festival começou em maio deste ano, quando foram iniciados os processos de formação, a FLUP Pensa. Abrangente e ambicioso, os encontros se deram no Museu da Escravidão e Liberdade e no Museu do Amanhã, também no centro do Rio. Em eixos divididos em Poesia, Narrativas Curtas e Audiovisual, a FLUP Pensa discutiu as origens africanas e as formas de arte, cinema, poesia e literatura nesse sentido. Na primeira fase, um grupo de escritores em formação produziu contos e crônicas a partir das letras do sambista homenageado da edição para um livro colaborativo. No ciclo Poesia Preta, processo de formação de poetas com foco na oralidade dos griots e dos Poetry Slams, as palestras foram intercaladas pelo Slam Pequena África, uma vez por mês. O grande campeão terá um livro publicado pela FLUP e será o representante carioca da versão nacional do Rio Poetry Slam, além de participar de uma mesa na FLUP com um poeta de projeção internacional. Por fim, a segunda edição do Laboratório de Narrativas Negras para Audiovisual contou com um braço documental para estudar e desenvolver roteiros de histórias negras.

A FLUP é apresentada pelo Ministério da Cultura, BNDES, Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Lei do ISS. Tem o patrocínio master do BNDES, conta com patrocínio da TV Globo,  apoio da Fundação Ford, da Open Society e do Instituto Ibirapitanga e a parceria do Instituto C&A e SESC. Realização ACEC, Redemunho, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Serviço:
Festa Literária das Periferias (FLUP) 2018
Data: 06 a 11 de novembro de 2018
Endereço: Cais do Valongo

Horário: das 9h às 23h30

Entrada: Grátis
Para mais informações, visite o site da FLUP: http://flup.net.br/
Facebook: https://www.facebook.com/FlupRJ/
Twitter: https://twitter.com/FlupRJ
Instagram: @fluprj

Informações para imprensa:
Giulia Amendola – giulia.amendola@rebentocomunicacao.com – 21.98859-3869
Paulo Mac Culloch – paulo@rebentocomunicacao.com – 21. 99102-1039 

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