Galeria de personalidades negras
Em prol da continuação dos clubes negros é criada a galeria de personalidades negras
Texto: Oswaldo Faustino | Foto: Divulgação | Adaptação Web Sara Loup
Impedidos de frequentar os clubes sociais da elite das cidades ou mesmo dos brancos trabalhadores, negros e negras se reuniam em logradouros públicos ou em casas de famílias, até que algum cidadão benemérito doava-lhes um terreno;os próprios diretores da entidade e sócios se incumbiram de levantar os prédios que sediariam seus clubes.
O modelo de associação não diferenciava dos demais, geralmente havia algum tipo de beneficência ou assistencialismo, desde a compra de cartas de alforria, à construção de moradias, compra de caixões e jazigos em cemitérios; prática de esportes, alguma manifestação cultural e lazer, com o indispensável baile.
Quase sempre esse era o único espaço de socialização de nossos. Muitos surgiram, poucos sobreviveram. O mais antigo, ainda em atividade, seria a Sociedade Floresta Aurora, de Porto Alegre, fundado em 1872. No Estado de São Paulo, ainda resistem vários, entre eles, o 28 de Setembro, em Jundiaí, de1897, há documentos que datam sua fundação em 1895 e, em Piracicaba,o 13 de Maio, de 1901. Nos últimos anos vimos a sociedade civil negra se mobilizar para fortalecer seus clubes sociais, com apoio de organismos como a Seppir e a Fundação Cultural Palmares.
Sabe-se que a maioria passa por grandes dificuldades, com risco de terem de fechar as portas, perder sua sede e, com o falecimento dos mais velhos, até deixarem de existir por conta do desinteresse dos jovens. Os bailes black e o samba-rock, assim como o hip hop e o samba-raiz, são excelentes maneiras de identificação dos jovens para assegurar a perenidade desses clubes. Um novo exemplo, porém, vem do 28 de Setembro, de Jundiaí. Por iniciativa da diretora de comunicação Rose Aparecida Nascimento, a Rosita, e apoio do presidente Luiz Antonio de Souza, o Sabiá, foi inaugurada uma galeria de personalidades negras tanto do passado, como Machado de Assis, a família Rebouças, Luiz Gama, Escrava Anastácia, José do Patrocínio, Zumbi, Cruz e Sousa, entre tantos, até contemporâneos, muitos deles sem expressão midiática.
São 74 quadros, com foto e breve biografia da personalidade, que forram as paredes de um espaço que deverá ser visitado pelos estudantes da cidade e servirá de apoio no cumprimento da Lei 10639/03 e todos os interessados. Na inauguração, o diretor jurídico Dr. Eginaldo Honório doou à galeria um quadro sobre o advogado Dr. Benedicto Galvão, que presidiu a OAB/SP, nos anos de 1940/41, falecido dois anos depois. Ao visitar a galeria, os estudantes terão à disposição 45 vídeos curtos, com o mesmo tema, cada um narrado por uma personalidade negra dos dias atuais. Belíssima iniciativa!
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