Isabel Fillardis fala sobre sucesso e preconceito

Confira em nossa matéria de capa a entrevista com a atriz Isabel Fillardis

 

TEXTO: Etiene Martins | FOTOS: Rafael Cusato e Etiene Martins | Adaptação web: David Pereira

Atriz Isabel Fillardis na novela sete Pecados | Foto: Divulgação

Atriz Isabel Fillardis na novela sete Pecados | Foto: Divulgação

Há um pouco mais de duas décadas, ela chegou às telinhas e, aos poucos, conquistou a simpatia do público. Isabel Cristina Teodoro Fillardis é uma mulher que soube abrir seu próprio caminho nas esferas profissionais e sociais.

Começou nas passarelas, aos 11 anos e, aos 15, já era modelo profissional. Com um empurrãozinho da agência Ford Models, se lançou na carreira de atriz. Com 18 anos, em sua primeira novela, interpretou a doce Ritinha, em Renascer, da Globo, papel que iriachacoalhar a sua vida. Referência de beleza na década de 90, cantou no grupo Sublimes, foi uma das poucas negras a posar para a principal revista masculina do país e ilustrou aprimeira capa da revista RAÇA BRASIL, em 1996.

Com o passar dos anos, mais experiente (e consciente), começou a transformar vidas Brasil afora à frente de duas ONGs: Doe seu Lixo e a Força do Bem.

Nessa entrevista, falou de tudo um pouco: fama, filhos, carreira, fé, preconceito e persistência, qualidade esta que a fez galgar o caminho do sucesso. Veja trechos da entrevista com Isabel Fillardis.
 

As vantagens de ser uma pessoa famosa são explícitas, mas, e as desvantagens?

A desvantagem é a exposição que você tenta administrar e equilibrar com a sua vida pessoal. Para alguns é muito difícil lidar com essa situação, mas eu sempre tive um bom relacionamento com a imprensa desde o início, nunca me escondi. Na rua, falo com todo mundo, por isso nunca tive a minha vida invadida por ninguém. Outra desvantagem de ser famosa é que tudo que você compra sai três vezes mais caro! Se você não se precaver, pagavalores exorbitantes.

Nessa etapa de sua vida, como você se definiria?

Uma mulher de multifaces. Eu me divido em mãe, mulher, esposa, dona de casa, administradora do trabalho social… Diria que, se eu fosse uma torta, ela estaria toda “divididinha”, um terço pra lá, um terço pra cá, seria assim.

Você já sofreu algum tipo de preconceito?

Na época em que eu era modelo, acho que sim, mas de uma forma muito indireta, nunca ninguém chegou perto de mim e disse “não vou trabalhar com você porque você é negra”. Era de uma forma disfarçada, quando a gente ia fazer o teste, era para um ou dois negros ou um casal negro.

O que te motivou a criar duas ONGs?

A vontade de mudar as coisas. Você só consegue mudar com ação, ação direta! Às vezes, a ação indireta pode ajudar. Eu sempre emprestei a minha imagem para várias instituições, uma série de campanhas, mas com o tempo vi que eu podia fazer mais e fui tocada pela vida de uma forma diferente.

Você segue alguma religião?

Eu sou espírita. É complexo porque boa parte da minha família seguia a umbanda, a outra parte o berço é o candomblé. Aprendi muito cedo a ler sobre espiritualidade, tenho muitos livros e estudo muito o assunto. Vejo que eu tenho uma teoria: acredito que Deus fez o mundo, criou vários povos e deu um pouco da sua sabedoria para cada um deles. Deus deixou suas interligações entre as religiões, mas ainda o homem teima em dizer que sua religião é melhor que a do outro. Acho que você tem que respeitar a forma do outro falar com Deus. Muitas pessoas criticam o candomblé e a umbanda, porque a gente faz magia, porque a gente faz isso, faz aquilo.

Acredita que essa rejeição as religiões de matriz africana se deve apenas a falta de conhecimento?

Eles marginalizam nossos ancestrais, aí é chato, eu fico chateada. Querem marginalizar uma coisa que eles não conhecem, e muitos desses críticos, na hora do pega pra capar, vão lá procurar a gente, procurar a cura, e tem a cura! Nós somos uma sociedade de caridade, esse é o verdadeiro intuito da umbanda e do candomblé. As pessoas marginalizam, têm medo. Olha, eu até entendo o medo, pois é algo muito forte, é de verdade, é à flor da pele. Os orixás estão na natureza, eles não se escondem.

Quer ver essa e outras entrevistas e reportagens da revista? Compre essa edição número 164.

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