Em uma cerimônia repleta de estudantes, dirigentes, pesquisadores, servidores e militantes de movimentos negros, a Comissão de Direitos Humanos da USP premiou o professor aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Kabengele Munanga.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP e ex-ministro da Justiça, José Gregori, abriu a cerimônia ressaltando a importância dos Direitos Humanos como instrumento de igualdade, de conciliação, de convivência entre as pessoas. “É em momentos como esse, que os fundamentos de uma instituição são recordados e as verdadeiras finalidades que justificam a luta e o desenvolvimento de uma instituição são ressaltadas. Hoje, a USP se mostra coerente com o melhor do pensamento daqueles que a fundaram”, afirmou Gregori.
Em seguida, o professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e membro da Comissão, Ricardo Alexino Ferreira, fez a saudação ao homenageado. Ferreira falou sobre a trajetória de Munanga, sua renomada carreira acadêmica, a militância contra o racismo e o protagonismo no debate nacional em defesa da implantação das cotas e ações afirmativas – principais motivos que levaram à escolha de seu nome para o prêmio.
Em seu discurso, Munanga falou de sua chegada ao Brasil, de sua relação com a Universidade e da luta para implantar as cotas e ações afirmativas na USP. “Eu fui o primeiro negro a ingressar na carreira docente da maior faculdade da USP. Porém, esse fato não foi para mim um motivo de orgulho, mas sim um motivo de questionamento porque o primeiro negro docente da FFLCH foi um jovem que fugiu do seu país de origem para sobrevier ao invés de ter sido um negro da terra, um negro brasileiro. Costumo dizer que se eu tivesse nascido no Brasil, como cidadão negro, talvez não estivesse sentado neste lugar”, refletiu o homenageado.