Libertação dos escravos no EUA
Oswaldo Faustino conta a história de Harriet Tubman, apelidada de Black Moses (Moisés Negro). Um dos grandes nomes das revoltas para a libertação de escravizados nos Estados Unidos
TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTOS: Commons.wikimedia.org | Adaptação web: David Pereira
“Eu havia fundamentado, em minha mente, que eu tinha direito a uma das duas coisas: a liberdade ou a morte. Se eu não pudesse ter uma, gostaria de ter a outra”. É assim que ela definia sua própria história. Entre batalhas pela abolição da escravatura, desde a fuga de escravizados a espionagem, durante a Guerra de Secessão, Harriet Tubman jamais abandonou as lutas pelos direitos do povo negro nos EUA.
Ela própria fugitiva do cativeiro, integrou a vasta rede denominada Underground Railroad (em livre tradução, “ferrovia subterrânea”) que ajudava escravizados, principalmente dos estados do Sul, a fugirem para o Norte e para o Canadá. Em dez anos, Harriet, cujo nome de solteira era Araminta Ross, participou da libertação de cerca de 300 escravizados, em 19 ações, contando vários estados norte-americanos conforme documentação apurada por pesquisadores.
Harriet contava que começou a trabalhar aos seis anos, sendo emprestada, espancada, apanhou sarampo e chegou aos 11 anos, quando já estava em condições de trabalhar na lavoura de algodão. Aos 25 anos, ainda escravizada, casou-se com John Tubman, um africano livre. Sonhava em viver no Norte, pois em Dorchester, a qualquer momento poderia ser vendida e teria de separar-se dele. John, porém, estava bem, ali, e se negou a mudar-se, disse inclusive que, se ela fugisse, ele a denunciaria. Por isso, Harriet o abandonou e fugiu para a Filadélfia, em 1849. Com a fuga, se deu seu primeiro contato com a Underground Railroad.