Luana Génot ganha Prêmio Empreendedor Social 2022

A RAÇA entrevistou exclusivamente a fundadora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) Luana Génot, que é a vencedora da categoria Direitos Humanos do Prêmio Empreendedor Social 2022. O Instituto promove igualdade racial por meio de empregabilidade e educação.

Criada em 2016, a ONG ajuda a dar intencionalidade de raça nas contratações no mundo corporativo. Para isso, vale-se de estratégias como letramento racial e o selo ‘Sim à Igualdade Racial’, conferido a 40 empresas, entre as 500 maiores.

Na categoria de Direitos humanos, ela concorreu com Gabriel Marmentini da organização Politize, e Caroline Videira da organização Turma do Jiló. A categoria reconhece atitudes sociais que visão valorizar a democracia e diminuição das diferenças sociais.

Marcelo Chello/Folhapress

Veja a entrevista completa:

1 – Luana me conte um pouco sobre você e sua trajetória?

Sou carioca, mãe da Alice, empresária, apresentadora, escritora, fundadora e Diretora Executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). O instituto nasceu de uma inquietação: não quero esperar 150 anos para que tenhamos igualdade racial, precisamos agir no agora. Também tenho consciência de que o racismo não é um problema só de pessoas negras e indígenas, toda a sociedade deve se envolver nesse processo. Mais do que dizer não ao racismo, é preciso dizer sim à igualdade racial. E foi assim que, em 2016, nasceu o ID_BR, uma uma organização sem fins lucrativos, pioneira no Brasil .

2 – Como você vê a importância desse prêmio de empreendedor social, que o ID_BR acabou de conquistar?

Vejo esse prêmio como uma pontada de esperança, de que estamos fazendo o nosso trabalho de uma forma que gere impacto positivo. Estamos acostumados a aplaudirmos iniciativas de impacto no nosso Prêmio Sim à Igualdade Racial, então receber esse reconhecimento dos pares nos oxigena a continuar a nossa caminhada em direção à igualdade racial.

3 – Como você vê a luta contra o racismo hoje no Brasil?

Prefiro dizer que é a luta pelo sim à igualdade racial. Até porque ser contra o racismo não é suficiente. Vejo que demos passos importantes. Mas que ainda temos um grande caminho pela frente no que diz respeito à igualdade racial. Principalmente após 2020 e George Floyd, percebi um movimento de pessoas e empresas para se engajarem na luta antirracista. Mas não foi automático.

O papel das redes sociais tem sido fundamental. Uma vez que já não aceitam, como algo natural, empresas com quadros somente de pessoas brancas. Organizações como o ID_BR questionaram estas empresas como iriam se posicionar de forma efetiva, com um plano de trabalho concreto com metas, prazos e investimentos em relação à pauta antirracista.

Já vemos o começo de uma primavera tímida com relação a implementação de ações afirmativas voltadas para a inclusão intencional de pessoas negras no mercado de trabalho, especialmente nos cargos mais altos como diretorias e conselhos.

Mas tenho esperança de que isso está trazendo algumas mudanças, que veremos a longo praz, e que nos aproximaram dos desejados 50% de negros e indígenas em cargos de liderança nas empresas e governos, nos próximos anos. Espero ver isso ainda em vida, e que igualdade racial nem seja uma questão em até 50 anos. É pra isso que trabalhamos dia e noite.


4 – Onde você acha que ainda devemos avançar?

Ainda precisamos avançar em pautas básicas, como acesso à saúde, educação integral e antirracista. E também na construção de políticas públicas que contemplem as demais necessidades das populações negras e indígenas. Inclusive, ainda falhamos com certa frequência em relação ao apoio às pautas indígenas, que também sofrem racismo no Brasil, mas não tem visibilidade para além da questão da demarcação de terras. Além disso, nós não queremos só o acesso ao básico, queremos o poder da caneta para atuar na tomada de decisões no nosso país. Espero que em 50 anos sejamos 50% dentro desses espaços, hoje somos apenas 5% dentro das 500 maiores empresas deste país.

5 – O que podemos comemorar nesta luta?

Podemos celebrar esses avanços que foram conquistados com a luta, como o aumento da presença de pessoas negras nas universidades e o começo de um movimento de igualdade racial nas empresas. Obviamente, não podemos ser ingênuos e achar que já são conquistas dadas, precisamos estar sempre vigilantes e cobrar para que não haja retrocessos e que os avanços ganhem passos mais largos.

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