Maio da Liberdade
Quatro datas marcam de forma definitiva o mês de maio para os brasileiros. O primeiro de maio que é a data em que os trabalhadores do mundo inteiro, especialmente no Brasil, celebram suas conquistas, cantam suas vitórias e apresentam suas reivindicações em defesa de salários dignos e condições de trabalhos adequadas para o desenvolvimento econômico, social e político se dê em prol da maioria da população.
O segundo dia é o 11 de maio, data em que faleceu o mais famoso cantor de reggae do mundo – Robert Nesta Marley, popularmente conhecido como Bob Marley. Marley, não apenas encantou o mundo com suas canções inesquecíveis, como também cantou a igualdade, combateu o racismo e clamou pela liberdade ao povo negro em todo o mundo, particularmente na África.
O terceiro dia é o 13 de maio, data da Abolição da Escravatura no Brasil, que apesar de sua insuficiência para a gravidade do crime de lesa humanidade cometido por séculos e que ainda precisam ser corrigidas, possui um sentido histórico importante de ser lembrado. Afinal, a Abolição da Escravatura libertou formalmente ao menos 800 mil pessoas no país.
Além disso, a Abolição no Brasil não ocorreu por obra e graça da generosidade de uma princesa bondosa, como tentam nos impingir a elite escravocrata brasileira, mas fruto da luta de anos e anos do movimento abolicionista, assim como da resistência de milhares de negros e negras por meio de revoltas, insurreições e quilombos. Mais que isso, o próprio movimento abolicionista, teve entre suas lideranças, figuras como: José do Patrocínio, André Rebouças e Luiz Gama, todos negros e filhos de escravizadas e que desempenham importante papel nesta luta.
Neste sentido, é importante registrar que a Abolição pôs em liberdade formal, ao menos 800 mil pessoas e isto em qualquer circunstância é um fato importante. Aliás, a celebração do Bembé do Mercado, na cidade de Santo Amaro da Purificação na Bahia, que ocorre a 132 anos diz bem sobre isto. Essa festa, realizada em praça pública e que reverencia os terreiros de candomblés, decorre da resistência que a Abolição sofreu dos senhores de engenho da região do recôncavo, que mesmo após o 13 de maio continuou perseguindo, prendendo e agredindo negros e negras que tentavam se libertar. Tinham até uma quadra que eles usavam; “Nasceu periquito, morreu papagaio. Não quero conta com o 13 de maio”.
Por fim, temos o 25 de maio: Dia da África. Data que representa um marco histórico no posicionamento das lideranças africanas na sua relação com o mundo. A reunião de 32 Chefes de Estados Africanos, na cidade de Adis Abeba, na Etiópia, em 25 de maio de 1963 e que tinha como objetivo maior o rompimento com o colonialismo, a busca da paz e o desenvolvimento econômico, político e cultural do continente africano, consolidou-se com a criação da Organização da Unidade Africana, posteriormente União Africana.
Hoje, celebrar o Dia da África, é celebrar o Renascimento Africano, que significa erguer-se no mundo, assegurando os direitos elementares da pessoa humana. Até porque – A Nova África quer ser do mundo.
Lamentavelmente, celebrar o 25 de maio este ano, também é lembrar do assassinato brutal do qual foi vítima o afro-americano George Floyd pela polícia daquele país e que provocou comoção mundial. Ainda bem que esta reação obrigou os EUA a realizarem mudanças inimagináveis – Condenação dos policiais e pacote de medidas contra o racismo estrutural.
Enfim, esse é o Maio da Liberdade.
Toca a zabumba que a terra é nossa