Maurício Pestana: consenso, palavra que pode mudar os rumos da humanidade
Única saída para salvar o planeta é uma união de esforços, ou todos estarão em breve no mesmo buraco, o da extinção humana e de toda vida terrestre
A COP28, maior evento sobre o clima, que está ocorrendo em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, tem mostrado ao mundo que, em assuntos que dizem respeito à nossa existência neste planeta, estamos longe de um acordo. Imagine, então, assuntos como diversidade, inclusão, equidade, que aparentemente dizem respeito apenas a uma parcela da população terrestre como negros, mulheres e outras “minorias” discriminadas.
A questão climática tem tomado conta das agendas dos governos, das empresas, enfim, de todos, reunidos em Dubai, mesmo sem os chefes de estados dos maiores poluidores do planeta, China e Estados Unidos. Sob o sol escaldante do deserto se encontram grandes responsáveis pelo aquecimento global.
Olhando para as discussões mais acirradas neste encontro, dá para ver que os debates giram em torno dos acordos, parcerias e compromissos dos governos com relação ao clima. Porém, os maiores impasses ocorrem sobre quem deve pagar a conta dos séculos de emissões acumuladas. Os fundos dos países ricos se mostram insuficientes para estimular os países pobres a mudar sua economia.
Excluindo esse debate de fundo econômico, vamos encontrar também divisões acirradas no aspecto social, ideológico e até político, que reflete diretamente nas decisões da COP28. No aspecto político, países como Brasil e Estados Unidos tiveram, até pouco tempo atrás, dirigentes que negavam o aquecimento global e deixaram uma legião de adeptos dessas teses, que ainda influenciam decisões políticas em alguns estados e municípios distantes das decisões de Dubai, a menos de um ano de eleições municipais.
Os 2 graus Celsius acima do período pré-industrial, algo nunca sentido por nós antes, ainda não foram o bastante para que negacionistas percebessem que estamos caminhando para um abismo sem volta e que a única saída é uma união de esforços, independentemente de questões políticas, sociais, raciais e ideológicas, para salvar o planeta, ou todos estarão em breve no mesmo buraco, o da extinção humana e de toda vida terrestre.
Talvez o grande problema da humanidade, neste período tão estranho que estamos vivendo, anteceda a questão racial, climática, ambiental ou qualquer outra coisa que diz respeito ao nosso futuro e sobrevivência neste planeta. Nosso grande problema é o consenso, uma palavra simples, mas determinante para equacionar dos pequenos aos grandes problemas atuais da humanidade.