Milton Nascimento para sempre
O cantor e compositor Milton Nascimento fez seu show de despedida dos palcos na noite deste domingo em Belo Horizonte homenageando a cantora Gal Costa, que faleceu no último dia 9.
Saudado por Caetano Veloso por seus “tons geniais”, chamado de “único” por Cat Stevens e de “grande irmão” por Paul Simon, Milton encerrou sua turnê “A Última Sessão de Música” aclamado por uma multidão de fãs, nem tão famosos, mas não menos entusiasmados.
“Esse show é dedicado à minha querida Gal Costa”, disse Milton, ao final da primeira música, “Ponta de Areia”. Antes do início da apresentação, uma foto de Gal abraçada a Milton havia sido exibida nos telões do palco, assim como um vídeo dos dois cantando “Paula e Bebeto”.
O show no Mineirão marca o fim da turnê “A Última Sessão de Música”, que passou por outras seis capitais brasileiras e países como Estados Unidos, Portugal e Itália.
A escolha de Minas Gerais para a última apresentação também é uma homenagem de Milton ao estado que o inspirou. Não há que se falar de Minas sem Milton e vice-versa. Carioca de nascimento, o cantor foi criado no estado, onde conquistou a eternidade. O show no estádio teve lotação máxima, total de 57 mil ingressos vendidos.
Depois do anúncio de surpresas para o show, surgiram no palco Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes e Lô Borges, relembrando o Clube da Esquina, álbum antológico do qual participaram, entoando “Para Lennon e McCartney” e “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”.
Samuel Rosa também apareceu para cantar “Trem Azul”. “Baita privilégio estar aqui. Sua música transforma as pessoas e o país”, disse o fundador do Skank.
O repertório da noite, em sua maior parte, reuniu músicas compostas dos anos 1960 aos 1980. A abertura foi com “Ponta de Areia”, inspirada em reportagem sobre a desativação de uma ferrovia que ligava Minas ao litoral sul da Bahia. A plateia cantou alto.
Cartazes com a frase “obrigado, Bituca” foram distribuídos aos espectadores na entrada do estádio e mostrados ao longo da apresentação. O público era uma mistura equilibrada de fãs mais jovens e mais velhos, que se embalaram quando Milton tocou “Amor de Índio”, de Beto Guedes, e depois “Cais” e “Tudo o que Você Podia Ser”.
“San Vicente” foi entoada por Zé Ibarra, músico também encarregado da abertura do show. E o coro do Mineirão voltou em seguida, com Milton cantando “Clube da Esquina 2” e “Nada Será Como Antes”.
A instrumental “A Última Sessão de Música”, que dá nome ao show, veio em seguida. Um breve momento de calmaria que antecedeu outro clássico, “Fé Cega, Faca Amolada” emendada com “Paula e Bebeto”.
Milton e banda seguiram o show com “Calix Bento” e a cantiga popular “Quem me Ensinou a Nadar”, depois “Cio da Terra”, parceria com Chico Buarque.
“A próxima música dedico a todos vocês”, disse Milton ao público antes de começar a cantar “Canção da América”, com o verso “amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito”. A sequência foi com “Caçador de Mim” e “Nos Bailes da Vida”.
“Bola de Meia, Bola de Gude” veio já com quase duas horas de show. Milton se emocionou depois de anunciar a banda. A plateia gritava “Bituca, Bituca” quando o cantor iniciou “Maria, Maria”. Uma sequência de fogos de artifício coloriu o Mineirão enquanto a música era encerrada.
As cortinas foram fechadas, mas reabertas para mais uma participação de Wagner Tiso ao piano, para tocar “Coração de Estudante”. “Viva a democracia”, disse Milton ao final da música, ovacionado pela plateia.
E o show continuou, agora com Toninho Horta novamente no palco para “Travessia”. “Encontros e Despedidas”, encerrou a noite.
Antes de deixar o palco, Milton foi levantado pelo filho Augusto Nascimento e colegas de equipe para uma saudação ao público. O cantor voltou a se emocionar muito. Noite mágica no Mineirão.
Fonte: Folha Uol