Mostra evidencia a presença negra na obra de Walter Firmo
A exposição, que abre no próximo sábado, reúne mais de 260 obras do artista, consagrado pelo registro e pela celebração do povo e da cultura negra do país
A partir do próximo sábado (30/04), será possível visitar gratuitamente a exposição Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito. Fotógrafo renomado e reconhecido por evidenciar a celebração do povo e da cultura negra no país, registrou manifestações culturais, religiosas e personalidades importantes como Pixinguinha e Clementina de Jesus.
A exposição, disponível no Instituto Moreira Salles (IMS), é uma retrospectiva e reúne mais de 260 obras de Walter Firmo. A seleção ocupa dois andares do centro cultural e reúne fotografias, produzidas desde a década de 1950, no início da carreira do artista, até 2021. O conjunto destaca a poética do artista, associada à experimentação e à criação de imagens muitas vezes encenadas e dirigidas. Grande parte das obras exibidas provém do acervo do fotógrafo, que se encontra sob a guarda do IMS desde 2018 em regime de comodato.
Nascido em 1937 no bairro do Irajá, no Rio de Janeiro, e criado no subúrbio carioca, filho único de paraenses, Firmo começou a fotografar cedo, após ganhar uma câmera de seu pai. Em 1955, então com 18 anos, passou a integrar a equipe do jornal Última Hora, após estudar na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf), no Rio. Mais tarde, trabalharia no Jornal do Brasil e, em seguida, na revista Realidade, como um dos primeiros fotógrafos da revista. Em 1967, já trabalhando na revista Manchete, foi correspondente, durante cerca de seis meses, da Editora Bloch em Nova York.
Durante o período que viveu no exterior, o artista teve contato com o movimento Black is Beautiful e as discussões em torno dos direitos civis, que marcariam todo seu trabalho posterior. De volta ao Brasil, trabalhou em outros veículos da imprensa e começou a fotografar para a indústria fonográfica. Iniciou ainda sua pesquisa sobre as festas populares, sagradas e profanas, em todo o território brasileiro, em direção a uma produção cada vez mais autoral.
Segundo Sergio Burgi, curador da mostra, “Walter Firmo incorporou desde cedo em sua prática fotográfica a noção da síntese narrativa de imagem única, elaborada através de imagens construídas, dirigidas e, muitas vezes, até encenadas. Linguagem própria que, tendo como substrato sua consciência de origem – social, cultural e racial –, desenvolve-se amalgamada à percepção da necessidade de se confrontar e se questionar os cânones e limites da fotografia documental e do fotojornalismo. Num sentido mais amplo, questionar a própria fotografia como verossimilhança ou mera mimese do real.”
Publicação será lançada
Por ocasião da mostra, o IMS lança o catálogo Walter Firmo – No verbo do silêncio a síntese do grito. A publicação traz as obras do autor presentes na exposição, além de textos de autoria do próprio Firmo, de João Fernandes, diretor artístico do IMS, e dos curadores Sergio Burgi e Janaina Damaceno Gomes. O livro também traz uma entrevista do fotógrafo em conversa com os curadores e com o jornalista Nabor Jr., editor da revista de imprensa negra, O Melenick. Segundo Ato, além de uma cronologia do fotógrafo assinada por Andrea Wanderley.
Serviço
Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito
Abertura: 30 de abril
Visitação: até 11 de setembro
IMS Paulista
Entrada gratuita, mediante apresentação de comprovante físico ou digital de vacinação contra covid-19 e documento oficial com foto para todos com mais de 5 anos.
Debate com Walter Firmo, Janaina Damasceno Gomes e Sergio Burgi
30 de abril (sábado), às 11h
Cineteatro do IMS Paulista
Entrada gratuita. Lugares limitados.
Distribuição de senhas 1 hora antes do evento, com limite de 1 senha por pessoa
Foto: Cantora Clementina de Jesus, Rio de Janeiro, RJ, c. 1977. Crédito: Walter Firmo/Acervo IMS