Mulheres negras
No mês de março, quando mulheres do mundo todo são homenageadas, seria uma tarefa impossível citar quantas personalidades marcantes de nossa sociedade mereceriam um texto inteiro dedicado a elas. Neste universo de homenagens, as mulheres negras ficam em segundo plano. Não por falta de nomes ou figuras simbólicas, mas porque seus feitos não são contados nos livros de história e suas conquistas pouco são valorizadas fora do universo negro, mesmo que elas tenham contribuído para mudar o mundo, que é de todos.
Muito provável que poucos tenham conhecimento sobre Tereza de Benguela, símbolo nacional de resistência negra no Brasil Colonial; Dandara Zumbi, grande guerreira e companheira de Zumbi dos Palmares; a jornalista Antonieta de Barros, primeira deputada negra do Brasil; Luiza Mahin, mãe de Luis Gama, que foi deportada devido a participações em rebeliões na Bahia, ou ainda, Carolina Maria de Jesus, uma das mais importantes escritoras negras do Brasil. A lista é extensa e fica ainda maior quando chegamos aos dias de hoje.
À parte das grandes injustiças históricas, há ainda aquelas que nunca são citadas. Mulheres atingidas pela desigualdade no mercado de trabalho, na saúde, na educação e que ainda precisam lutar para fugir do estigma da sexualização do seu corpo, sofrendo preconceito duplo diariamente, por ser mulher e negra. Mulheres que mesmo com os avanços femininos conquistados ao longo dos anos, ainda são as maiores vítimas de crimes violentos do país.
Aliás, nos próximos minutos, quando você terminar de ler este texto, provavelmente mais uma mulher negra terá sido vítima de um crime violento. De acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, a cada 7 minutos há uma nova denúncia recebida no Ligue 180 e mais da metade é contra mulheres negras.Um número alarmante que só reforça a triste constatação que o Dia da Mulher Negra ainda não chegou.