MULHERES NEGRAS

10 histórias de personalidades femininas que marcaram gerações

Ao longo desses anos, a Revista Raça enaltece a história e traz a voz de mulheres negras ao redor do mundo. Mulheres que mudaram os rumos da História, que marcaram gerações, que contribuem com a evolução humana e que puderam aproveitar as poucas oportunidades que até pouco tempo atrás, eram inexistentes.
Diversas mulheres, embora tenham deixado um belo legado, sofrem com o apagamento e são pouco valorizadas ou citadas na escola, por exemplo.

Você sabe quem foi a primeira mulher a publicar um romance no nosso país? Ou quem foi a primeira mulher negra a ser eleita como deputada federal?

Trazer luz a essa força da mulher negra, deve ser rotineiro. Não deve ser restrito ao dia da mulher comemorado em março ou ao dia da consciência negra, em novembro. Todo dia é dia de lembrar e evidenciar a luta e as conquistas de nossas mulheres.

Pensando nisso, a Raça traz hoje, 10 nomes inspiradores e que fizeram história, a fim de relembrar trajetórias que se destacaram em diferentes momentos no Brasil e no mundo. Você conhece todas elas?

ARETHA FRANKLIN

FOTOS E IMAGENS REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO

Uma das vozes mais conhecidas e apreciadas em todo o mundo, a norte-americana Aretha Franklin é a rainha do Soul. Nascida em Memphis em 1942 e criada em Detroit, a cantora enfrentou altas barreiras na indústria da música. Ser mulher e negra nesta indústria, ainda é um desafio nos dias atuais, mas ainda mais restrito nas décadas de 60 e 70, auge de sua carreira.

Com maestria, foi considerada a “maior cantora de todos os tempos” pela revista Rolling Stone, devido à sua flexibilidade vocal e inteligência interpretativa, além da habilidade no piano.

Aretha Franklin também foi amiga próxima de Martin Luther King Jr., símbolo importante para o movimento de igualdade racial. Além disso, apresentou-se na posse de Barack Obama, primeiro negro eleito presidente nos Estados Unidos. Aretha faleceu aos 72 anos, em agosto de 2018.

DANDARA

Luta! Dandara enfrentou o sistema escravocrata e se tornou um dos grandes nomes da resistência quilombola do Brasil no século 17.
Decidida e corajosa, liderou a parte feminina do exército de Palmares. Dominava técnicas de capoeira e embora existam poucos dados sobre sua história, estudiosos estimam que a guerreira nasceu no Brasil. Outra hipótese, é que Dandara tenha vindo da África como escrava.
Em 1694, foi capturada e tirou a própria vida após a queda do quilombo, para não voltar à condição de escrava.
Zumbi dos Palmares, cuja morte inspirou o Dia da Consciência Negra, foi seu marido, com quem teve três filhos.

BESSIE COLEMAN

Elizabeth “Bessie” Coleman, foi a primeira mulher negra a adquirir licença para atuar como piloto internacional nos Estados Unidos.
Ela era a décima terceira filha de um pai Cherokee e uma mãe descendente de africanos que nunca aprendeu a ler ou escrever, mas que encorajou seus filhos a estudar. A educação foi fundamental para Bessie.
Na época em que corria atrás do sonho de ser piloto, as escolas de aviação do país não aceitavam nem mulheres e nem negros. A barreira não a impediu. Com o auxílio de um banqueiro investidor, Bessie passou a estudar francês e viajou até Paris para obter sua licença.
Deu certo. De volta aos Estados Unidos anos depois, a piloto dava verdadeiros shows aéreos e foi nomeada como uma das maiores aviadoras do mundo.

GLÓRIA MARIA

Ícone do jornalismo brasileiro, Glória Maria foi a primeira repórter negra na televisão do país, estreando nas telas em novembro de 1971. Não demorou muito para se tornar âncora da Globo, passando por vários programas como RJTV, Jornal Hoje e Fantástico, sua maior trajetória como apresentadora, de 1998 a 2007.
A jornalista é reconhecida pelas reportagens especiais e viagens exóticas, como o deserto do Saara e a Palestina, além da cobertura altamente perigosa na Guerra das Malvinas, em 1982. Estima-se que já conheceu 156 países.
Na época em que atuava como repórter, Glória Maria foi a primeira mulher a usar a Lei Afonso Arinos contra discriminação racial. Na ocasião, o gerente de um hotel de luxo impediu que ela entrasse pela porta da frente do edifício.
Atualmente, mesmo com sua carreira consolidada e um currículo abrangente, Glória Maria diz que ainda sofre preconceito.

HENRIETTA LACKS

75 mil estudos médicos. Esse é o número aproximado da contribuição de Henrietta Lacks para a medicina ocidental. Henrietta foi doadora involuntária de uma cultura de células cancerosas utilizadas em pesquisas para criação da primeira linhagem celular imortal.
Durante o tratamento de câncer cervical que se espalhava rapidamente pelo seu corpo, o médico George Otto Gey coletou as células e descobriu que elas eram capazes de se multiplicar mesmo fora do corpo humano.
As células de Henrietta, chamadas de HeLa, foram fundamentais para diversos estudos até hoje e geraram resultados importantes sobre câncer, mapeamento genético, efeitos da radiação em tecido, doenças infectocontagiosas e inúmeras outras pesquisas.
Porém, mesmo com a contribuição para a história da medicina, a pessoa de Henrietta Lacks foi ignorada pela comunidade médica por décadas. Sua história, entretanto, virou um livro e um filme da HBO, chamado A Vida Imortal de Henrietta Lacks, produzido e estrelado por Oprah Winfrey.

MARIA FIRMINA DOS REIS

A primeira romancista brasileira a ter um livro publicado no país, foi uma mulher negra. Nascida em São Luís (MA), Maria Firmina dos Reis teve sua obra Úrsula lançada em 1860, abordando a questão abolicionista no enredo.
Além disto, outros pioneirismos passaram pelas suas mãos. Além de autora, também foi a primeira mulher aprovada em um concurso público no Maranhão, garantindo o cargo de professora de primário.
Aos 54 anos, pouco antes de se aposentar, Maria Firmina fundou a primeira escola mista, uma aula gratuita para alunos que não podiam pagar. Ministrava as aulas numa propriedade de um senhor de engenho, uma espécie de barracão.
Apesar de toda sua contribuição com a literatura e educação no estado, faleceu cega e pobre, aos 95 anos.

JANELLE COMMISSIONG

Após 25 anos de existência do concurso de Miss Universo, Janelle Commissiong, do país africano Trinidad e Tobago foi a primeira mulher negra a conquistar o título, em 1977.
Sua vitória histórica causou uma reação comovente à plateia, que aplaudiu de pé por completo e levou algumas pessoas ao choro de emoção, inclusive uma das juradas do concurso.
A cantora negra Dionne Warwick declarou na ocasião que era “como se ela mesma tivesse ganho”, mostrando assim a representatividade para outras mulheres.
Durante seu reinado, Janelle defendeu os direitos dos negros e a paz mundial e se dedicou a comunicar uma mensagem antirracista. No fim dos anos 90, tornou-se uma empresária quando lançou sua própria linha de cosméticos.

ANTONIETA DE BARROS

Um marco para as mulheres negras na política no Brasil. Antonieta de Barros nasceu em Santa Catarina e, além de jornalista e professora, a filha de uma ex-escravizada foi a primeira deputada estadual negra do país em 1934.
Pioneira e inspiração constante para o movimento negro, mesmo durante a tentativa de um grande apagamento de sua história, que vem sendo retomada aos poucos.
Antonieta defendia e lutava pela igualdade racial e de gênero e atuava a favor de políticas públicas relacionadas à educação para as mulheres.

MAE JEMISON

A mulher negra chegou ao espaço. Em 1992, Mae Jemison embarcou na missão STS-47 do ônibus espacial Endeavour, tornando-se a primeira astronauta negra da história. Jemison orbitou a Terra dos dias 12 a 20 de setembro daquele ano.
No programa de formação da NASA, foi uma das 15 selecionadas entre mais de 2 mil candidatos. “Todo mundo estava animado com o espaço, mas eu me lembro de ficar muito, muito irritada por não haver mulheres”, disse em uma entrevista.
Além de astronauta, Mae Jemison dedicou sua vida à ciência, como médica e engenheira.
Após sua conquista no espaço, inspirou outras mulheres negras a percorrerem o mesmo caminho na NASA, como as astronautas Yvonne Cagle, Stephanie Wilson, Jeanette Epps e Joan Higginbotham.

RUTH DE SOUZA

Abriu portas para a arte. Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a atuar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a peça Imperador, em 1945.
Além disso, foi a primeira atriz brasileira a ser indicada ao prêmio de Melhor Atriz em um festival internacional de cinema, por seu trabalho no filme Sinhá Moça, no Festival Internacional de Veneza, em 1954.
Além do teatro e do cinema, foi destaque também na televisão, participando participando em programas variados. Ruth de Souza também entra para a história da arte por ser a primeira negra a protagonizar uma novela, A Cabana do Pai Tomás, da TV Globo, em 1969.

A lista é infinita. Caberia por aqui Oprah Whinfrey, Zezé Motta, Wangari Maathai, Viola Davis, Toni Morrison, Simone Biles, Beyoncé, Ruby Bridges, Rosa Parks, Kamala Harris, Mamie Phipps Clark, Jackie Joyner-Kersee, Hattie McDaniel, Ellen Johnson Sirleaf, Carolina Maria de Jesus, Tereza de Benguela, Tia Ciata, Dona Ivone Lara e você.
E suas amigas e familiares que são exemplos de força, resistência e cuidado. E todas aquelas que mudaram o curso de nossa existência.
Estaremos sempre aqui para enaltecê-las.

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