Raça na vida acadêmica

por Flavia Cirino | ilustração Edson IkêJo

[Edição 217]

Muitos foram os estudos feitos sobre a revista RAÇA Brasil, desde sua criação, em 1996. No Brasil, em Portugal, na
Inglaterra e nos Estados Unidos, teses de mestrado, doutorado, inúmeros TTCs, pesquisas e afins destacam a maior publicação impressa da América Latina , dedicada à população negra.

O estudo mais recente, datado de 2017, é a tese de doutorado que tem como título “A revista Raça Brasil : uma proposta de imprensa negra na mídia brasileira do século XXI?”, de Jorge Luís Rodrigues dos Santos. Ele se tornou doutor em em Memória Social, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Em 2003, em sua defesa no curso de pós-graduação em Linguística, na Unicamp, Yara Brito Brasileiro destacou como tema “Um quilombo na mídia: um estudo discursivo da Revista Raça Brasil”. Ela conseguiu o título de Mestre em Linguística. No ano seguinte, João Batista Nascimento dos Santos destacou “O negro representado na revista Raça Brasil : a estratégia de identidade da mídia étnica”, em sua dissertação de Mestrado em Comunicação e Informação, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Na mesma universidade, em 2007, José Carlos Cintra apresentou, na UFRGS, a tese intitulada “Revista Raça Brasil: O Negro Como Sujeito Midiático no Jornalismo e na Publicidade”. No mesmo ano, Viviane Seabra Pinheiro defendeu a dissertação na Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, intitulado “Analisando Significados de Capas da Revista Raça Brasil – Um Estudo de Caso
à Luz da Semiótica Social”.

Com uma brilhante defesa, Viviane obteve o título de Mestre em Linguística Aplicada “A escolha da referida revista foi motivada pelo interesse em se abordar, a partir da perspectiva da Linguística Aplicada, a ambivalência de Raça Brasil no que diz respeito à sua orientação – ambivalência apontada ou sugerida por estudiosos como Sodré (1999), Joel Zito Araújo (2000) e Sandra Almada (2002). Segundo Almada (2002), a publicação, lançada em setembro de 1996 visando a um público de negros, contribuiu para o Movimento Negro, para o jornalismo e para a imprensa negra tanto em termos mercadológicos quanto em termos políticos. Uma contribuição política apontada é a colaboração de Raça para a construção e veiculação de uma imagem positiva dos negros, diferente dos estereótipos veiculados pela mídia em geral. Desse modo, de acordo com o referido texto, a revista constitui um movimento para a mudança dos estereótipos racistas por meio dos quais os negros são comumente representados”, dizia um trecho da dissertação. Myrian Lucia Brandão Mendes, em 2011, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, dissertou a tese “Argumentação da Revista Raça Brasil: Um Estudo da Retórica Antirracista”.

A revista esteve também em livros, como na obra “A Negação do Brasil: O Negro na Telenovela Brasileira”, de Joel Zito Araújo, lançado em 2000. Nele, o autor ressalta o aspecto mercadológico da revista. Ele menciona, entre várias abordagens, um comentário de Roberto Melo, vice-presidente editorial da Editora Símbolo, responsável pela publicação quando do seu lançamento, de que foi necessário, para estabelecer sua tiragem inicial, quantificar o público leitor negro. Vale destacar que a edição 01 vendeu 270 mil exemplares, recorde até hoje não batido por outra publicação.

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