Mulheres negras na tecnologia

Por: Inaiara Florêncio

As últimas décadas vem sendo marcadas por intenso progresso tecnológico. E apesar da crescente presença feminina no setor, mulheres ainda enfrentam questões que precisam ser superadas pela sociedade: a predominância de homens no controle deste processo e a desigualdade de gênero e racial.

O mercado de tecnologia tem gerado diversas oportunidades de carreira nos últimos anos. O Brasil acompanha essa tendência mesmo tendo a maioria de sua população negra (56%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE). Pretos e pardos ainda são minoria no mercado de trabalho da tecnologia. Aqueles que conseguem superar o entrave do acesso ganham menos de 70% da renda média de uma pessoa branca com a mesma qualificação e dificilmente chegam a cargos de liderança e gerência. No entanto, este espaço até pouco tempo dominado pelo machismo, vem sendo ocupado por profissionais com um papel determinante nesse campo: as mulheres negras.

Além dos maiores e mais lucrativos investimentos do âmbito de transações comerciais, a tecnologia não é apenas um instrumento para nos auxiliar no cotidiano, mas deve ser vista como peça importante na construção de espaços e oportunidades, para que grupos politicamente minorizados cresçam em suas carreiras.

E essa questão tem levantado o incentivo de profissionais, instituições e coletivos, que atuam como rede de apoio e networking, para que mais mulheres busquem garantir maior participação no território tecnológico.

Além do desafio duplo de ser mulher e negra no mercado de tecnologia, eu sinto que todos os dias estou quebrando telhados de vidro. Ainda não vejo tanta representatividade. Mas, coloco-me nessa posição e estimulo que mais de nós estejamos nesses espaços. Para que, o que esteja sendo desenvolvido, seja pensado também como ferramenta de transformação social. Não tem como a gente construir uma sociedade mais justa se não estivermos nessas posições.