Na manhã de sua estreia Manoel Soares fala com exclusividade à Revista RAÇA

Assumidamente “falador”, Manoel Soares, já dava mostras na infância de que a Comunicação era o seu forte.

Natural de Salvador, Bahia, aos 18 anos, se mudou para Porto Alegre, RS, onde trabalhou como gráfico e também na construção civil.

Suas primeiras aparições na TV, foram na TVE RS, onde se aproximou graças ao hip hop. Em 2002 foi convidado pela então gerente de programação da RBS TV, a fazer parte do elenco do canal. Lá ele fazia reportagens, sempre voltadas para o assistencialismo e representatividade, dentro do Jornal do Almoço. Também foi colunista nos jornais Diário Gaúcho e Zero Hora.

É casado com a coordenadora da CUFA RS, Dinorá Rodrigues, e tem seis filhos. Além de jornalista é escritor e já saiu também na capa da RAÇA – Edição 215/2020

“Lembro de quando vi a atriz Isabel Fillardis na capa da Revista Raça. Aquele sorriso negro, dentes lindos e a alegria de estar viva eram novos para o menino magro de favela que sequer entendia que algo me conectava a ela de maneira ancestral. Lembro que foi estranho para mim, pois tudo o que eu conhecia relacionado à minha pele e ao meu povo tinha lágrimas no meio. Foi impactante.”

Agora Manoel Soares será apresentador do programa Encontro ao lado de Patrícia Poeta, que agora vai começar mais cedo, no horário que antes era dedicado para o programa Mais Você.

A RAÇA fez uma entrevista exclusiva com o apresentador, leia :

RAÇA: Apresentador, escritor e jornalista, um currículo que trás muitas histórias. O que mais te marcou ao longo da sua carreira profissional?

MANOEL: Ao longo da minha carreira profissional o que mais me marcou foi a forma como as pessoas se relacionavam comigo na tela, pois me vi como uma pessoa muito comunicativa, porém não imaginava que seria não conectante com quem me acompanha. Tinha algumas características que eu acreditava serem apenas minhas, mas vi que é algo do nosso povo e quando vi o impacto disso na televisão me marcou pra caramba.

RAÇA: Na TV você também é representatividade no quesito estética, um homem negro com dreads, que é um penteado de forte simbolismo africano. O que isso representa para você?

MANOEL: A representatividade no quesito estética é uma coisa que ainda não sei me relacionar muito bem, pois eu  sempre tive mais vaidade intelectual do que estética. Nunca foi algo que eu vi como potência, mas a beleza no caso das pessoas negras também é uma ferramenta de luta, não é só uma questão de vaidade.

RAÇA: Quais são as expectativas para essa nova mudança profissional?

MANOEL: Tenho expectativas sim em relação ao encontro e tudo que envolve comunicação de massa. O que acho que vai acontecer nesse novo projeto é que quem vai determinar é o público, pessoas que nos acompanham. Se nós queremos que o produto seja diferente e que as pessoas movimentam essas notícias de forma diferente temos que interagir com esse produto. Hoje temos ferramentas que fazem isso, e podemos dizer para esse produto como queremos as coisas. Porque se o público não demandar a comunicação, ela continuará do mesmo jeito

RAÇA: Em sua mais recente obra é abordado o racismo de forma empática e didática, sem deixar de mostrar a violência à qual a população negra está exposta. O que iniciou a ideia do tema?

MANOEL: Quando combatemos o racismo de maneira empática, você tira também o argumento de que somos selvagens, a empatia é estratégica, o afeto é estratégico, por mais que esteja doendo. Somos descendentes de reis e rainhas e essa nobreza é importante que exista.

RAÇA:Qual a sua principal referência no jornalismo, e como isso impactou você de alguma maneira?

MANOEL: Minhas principais referências foram os narradores não oficiais, como os rapper’s , a galera do samba, as tias do morro . Essas pessoas foram minhas principais referências na comunicação que fazia uma narrativa que desviava do status quo e do senso comum e isso me impactou demais.

RAÇA: Conte um pouco sobre seus filhos, são seis não é?

MANOEL: Ser pai de seis crianças e avô de uma, me possibilita visitar universos que eu não visitaria se eu não fosse o gestor dessa prole toda. Meus filhos fazem uma atualização permanente desta minha existência, do que penso, do que eu sinto, do que eu sou. E essa atualização precisa ser apurada a cada minuto. Quem eu era no ano passado não pode ser a mesma coisa que sou hoje porque meus filhos não são os mesmos. Filho traz esse upgrade da nossa existência principalmente filho pequeno que traz uma diferença muito grande.

fotos VINÍCIUS HAWK/ YBRASIL

RAÇA: E aí aquele piano? Conta um pouco essa história de negrão com piano, isso não é  muito comum.

MANOEL: Foi muito maluco, porque sempre admirei o piano, sempre admirei Ray Charles e o Stevie Wonder, mas sempre foi uma coisa muito distante, porque piano é uma coisa cara. Eu nunca estudei piano, eu decidi aprender de forma autodidata assim como foi no violão e agora vejo a necessidade de buscar auxílio mais técnico, pois estou começando a compor no piano, a fazer música mais profissionalmente. E tenho o piano como uma grande fuga, é a forma de eu falar quando minha boca está fechada.

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