Não foi por critério, foi por pressão
Por: Marcelo Arruda
As redes sociais são microcosmos da nossa sociedade, querendo ou não e cada uma tem um papel específico para o grupo que agrega, algumas competem entre si, pois buscam o mesmo; a diversão, o entretenimento ou relacionamentos pessoais, mas uma se destaca por sair desse lugar comum, o LinkedIn, voltado ao ambiente corporativo, onde os usuários buscam conexões profissionais e oportunidades de conhecer novos parceiros, colaboradores, terem acesso a pensamentos e cursos, e desta forma evoluírem em suas carreiras. Essa rede tem um lugar importante, atualiza os seus usuários de questões importantes e sérias e consegue, na maioria do tempo, mostrar boas práticas de profissionais e de empresas.
Dessa forma, houve uma surpresa quando essa rede anunciou que barraria o anúncio de vagas para negros e para indígenas, pois vemos todos os dias nessa rede, empresas comemorando e mostrando fotos de seus times majoritariamente ou exclusivamente brancos em um país que só perde para a população negra no planeta para a Nigéria.
Quando olhamos o documento produzido pela ONU em 1º de junho de 2021, onde coloca de forma clara em sua sexta página “Revertendo culturas de negação, desmantelando o racismo sistêmico e acelerando o ritmo de ação” e trata como “Caminhos a trilhar: O racismo sistêmico demanda uma resposta sistêmica. Os Estados devem adotar uma abordagem sistêmica para combater a discriminação racial, ou seja, por meio da adoção e monitoramento de respostas que envolvam todo o governo e toda a sociedade, se integrando em planos de ação nacionais e regionais abrangentes e com recursos adequados e que incluam, quando necessário, medidas especiais que garantam aos grupos desfavorecidos, especialmente pessoas africanas e afrodescendentes, o gozo pleno e igual dos direitos humanos.”
Quando olhamos a questão de resoluções brasileiras com o estatuto da igualdade racial, na Lei 12.288 temos de forma clara no 1º artigo, parágrafo único, inciso “VI – ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.”
Ou seja, ou o LinkedIn não entendeu em qual planeta está, visto que temos decisões da ONU, e pior não entende em qual país está, onde uma lei de 20 de julho de 2010 já demonstrava que é necessário ter ações afirmativas.
A mudança de posição, não tira o racismo estrutural, mas evidencia que se nos unirmos podemos educar e transformar um país com graves questões raciais que não serão alteradas sem muita luta.
O LinkedIn mudou o critério e espero que tenha mudado a mentalidade também, mas se não mudou, estaremos atentos.