Negros mortos pela ditadura
Veja alguns dos negros que foram mortos na época da ditadura militar no Brasil
TEXTO: Daniel Keny | FOTOS: Reprodução | Adaptação web: David Pereira
A Raça Brasil resolveu relembrar alguns nomes de negros honestos e trabalhadores que infelizmente tiveram suas vidas ceifadas pelos militares. Todas as pessoas lembradas nesta matéria foram dadas como desaparecidas ou morreram no período. Veja 4 destes:
JOSÉ DE SOUZA (1931-1964)
Número do processo: 078/96
Filiação: Nair Barbosa de Souza e Alcides de Souza
Data e local de nascimento: 1931, local não definido
Organização política ou atividade: sindicalista
Data e local da morte: 17/04/1964, Rio de Janeiro (RJ)
José de Souza era membro do Sindicato dos Ferroviários do Riode Janeiro. Foi preso e conduzido ao DOPS/RJ, na Rua da Relação, no dia 08/04/1964 para averiguações. A versão oficial foi de que José cometeu suicídio nove dias depois, atirando-se pela janela do terceiro andar do prédio da Polícia Central do Rio de Janeiro.
PEDRO DOMIENSE DE OLIVEIRA (1921 – 1964)
Número do processo: 044/96
Filiação: Januária Domiense de Oliveira e João Fagundes de Oliveira
Data e local de nascimento: 14/05/1921, Salvador (BA)
Organização política ou atividade: PCB
Data e local da morte: 07 ou 09/05/194, Salvador (BA)
O funcionário público Pedro Domiense era casado com Maria de Lourdes Santana Domiense de Oliveira e tinha três filhos. Começoua militância política no Colégio Central da Bahia. Concluiu o curso de bacharel em Ciências e Letras, mas interrompeu os estudos em função de perseguições políticas. Em 04/05/1964, na sede dos Correios, onde trabalhava, em Salvador, foi preso. Segundo a versão oficial, suicidou-se no Quartel da 6ª Região Militar.
JORGE APRÍGIO DE PAULA (1938 – 1968)
Número do processo: 316/96 e 048/02
Filiação: Geralda Maria de Jesus e Joaquim Paula
Data e local de nascimento: 10/02/1938, Rio de Janeiro (RJ)
Organização política ou atividade: Operário
Data e local da morte: 01 ou 02/04/1968, Rio de Janeiro (RJ)
Operário, Jorge Aprígio de Paula foi vítima no dia das manifestaçõesno Rio de Janeiro, em 1º de abril de 1968. Naquela ocasião,um dos vários grupos de estudantes em passeata se aproximou do Palácio de Laguna, residência do Ministro da Guerra, na Rua General Canabarro. Soldados da Polícia do Exército, que protegiam o local, abriram fogo contra os manifestantes, atingindo várias pessoas e matando Jorge.
ALCERI MARIA GOMES DA SILVA (1943 – 1970)
Número do processo: 060/90
Filiação: Odila Gomes da Silva e Oscar Tomaz da Silva
Data e local de nascimento: 25/05/1943, Cachoeira do Sul (RS)
Organização política ou atividade: VPR
Data e local da morte: 17/05/1970, São Paulo (SP)
Alceri Maria Gomes, gaúcha de Porto Alegre e afrodescendente, trabalhava no escritório da fábrica Michelletto, em Canoas, onde começou a participar do movimento operário e filiou-se ao Sindicatodos Metalúrgicos. Em setembro de 1969, visitou sua família em Cachoeira do Sul para informar que estava de mudança para São Paulo, engajada na luta contra o regime militar. Foi morta em 17/05/1970 e enterrada no Cemitério da Vila Formosa. Apesar da tentativa de resgate, em 1991, seu corpo nunca foi encontrado.
*Informações dos desaparecidos durante a ditadura militar retiradas do livro “Direito à Memória e à Verdade – Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos”.
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