O escritor Mário de Andrade

Conheça a história do escritor Mário de Andrade

 

TEXTO e ILUSTRAÇÃO: Leandro Valquer | Adaptação web: David Pereira

 O escritor Mário de Andrade | Ilustração: Leandro Valquer


O escritor Mário de Andrade | Ilustração: Leandro Valquer

Mário de Andrade foi o segundo filho de Carlos Augusto de Andrade e Maria Luísa de Almeida Leite Moraes de Andrade. Mário viveu uma infância tranquila e feliz junto da família, amigos e de seu piano, pois, ainda criança, era afamado como um pianista prodígio até que… Num acidente, numa cabeçada besta em jogo de futebol, morreu seu irmão Renato, aos 14 anos. Era 1913, Mário tinha então 20 anos e, desde 1911, estudava no Conservatório Dramático e musical de São Paulo. Abandonou o conservatório e foi levado por Pio Lourenço (seu tio) à fazenda Sapucaia, em Araraquara , para se recuperar do luto: “O caso típico da minha afetividade foi a morte de meu mano mais moço, que me levou quase pra morte também. (…) Os médicos chegaram a não dar mais nada por mim. Não comia, não dormia. Foi o bom senso de um tio, espécie de neurastênico de profissão, que me salvou. Pegou em mim, me levou pra fazenda dele, me deixou lá sozinho. (…) Voltei poeta da fazenda.”

E voltou com um tal tremor nas mãos que lhe impediu de seguira carreira de pianista profissional. Passou, então, a estudar para ser professor de música, enquanto crescia seu interesse profundo pela literatura. Antes, no conservatório, já escrevia seus poeminhas, porém, sem grandes pretensões. O primeiro foiem 1904, frente a um desastre na Central durante um piquenique no subúrbio: “Me deu de repente vontade de fazer um poema heróicômico sobre o sucedido, e fiz. Gostei, gostaram. Então continuei. Mas isso foi o estralo apenas. Apenas já fizera algumas estrofes soltas, assim de dois em três anos; e aos dez, mais ou menos, uma poesia cantada, de espírito, digamos, superrealista, que desgostou muito minha mãe.” – Que bobagem é essa, meu filho?” – ela vinha. Mas eu não conseguia me conter. Cantava muito aquilo.”

Em 1917, aos 24 anos, quando se formou no conservatório de música, lançou seu primeiro livro intitulado Há uma gota de sangue em cada poema, sob o pseudônimo de Mário Sobral, com poemas de características ainda parnasianas e pré-modernistas, cujo mote são os conflitos da primeira guerra mundial. O segundo livro, Paulicéia Desvairada já veio borbulhando rebelião. “O impulso lírico clama dentro de nós como turba enfuriada”. Este livro ajudou a fundar o modernismo brasileiro do qual Mário de Andrade é dos principais nomes. Neste, inaugurou experiências ousadíssimas em demasia para o leitor parnasiano brasileiro, experiências como: verso livre, transgressões sintáticas, colagem, sequência ininterrupta de imagens audaciosas e inesperadas, destruição da solenidade poética, entre outras bombas.

Mário é todo precursor, simultaneamente, enquanto apertava os últimos parafusos de Paulicéia Desvairada, preparava o grande escândalo da difamada Semana de Arte Moderna de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. E as inovações não param por aí. Em 1935, organizou quixotescamente com Paulo Duarte (que se envolveu ativamente na organização da inssurreição armada de 1932), o Departamento de Cultura e Recreação do governo de SãoPaulo ,que tinha como função conquistar e divulgar a culturabrasileira para todo o país. As missões que visitaram mais de 30 locais em seis estados brasileiros resultaram no acúmulo de um vasto acervo registrado em áudio, vídeo e anotações musicais. Em 1938, se demitiu do depertamento em oposiçãoao Estado Novo, governo de inspiração nazifascista. As obrasde Mário de Andrade, tanto literárias quanto políticas e sociais, ajudaram a descobrir e a modelar esse espírito simples e libertário, que é o do povo brasileiro.

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