O remake de Aladdin está “causando” antes da estreia

Elenco não-branco e curiosidades do filme estão com tudo na nova aposta live-action da Disney

Depois do alvoroço causado pela publicidade em torno do elenco negro do herói Pantera Negra – filme que se passa na África mas que anda causa espantos por um elenco legitimamente ne

gro -, foi a vez da nova aposta da Disney ganhar destaque por acrescentar mais tons à Hollywood.

Houveram muitas especulações até a Disney encontrar seu Aladdin e Jasmine em Mena Massoud e Naomi Scott. A grata surpresa foi a escolha de Will Smith como Gênio, difícil escolha depois do personagem ser eternizado por Robin Williams, enquanto Marwan Kenzari assumiria o papel de Jafar. Tudo lindo até os principais atores “Aladdin” aparecerem juntos em uma foto de Will Smith e… como assim não tem brancos aqui?

Vamos começar pelo óbvio: você nunca viu um elenco como este com o selo da Disney. E tudo bem, porque por muitos anos, de alguma forma, nos convenceram que os árabes – assim como os egípcios antigos – eram brancos, sendo interpretados por atores brancos. Nesta brincadeira até Jesus ganhou olhos azuis no nosso imaginário. Mas em tempos de internet não dá pra esconder algumas verdades por muito tempo sem ser questionado.

O mais triste de tudo é que parece que a Disney está se arrependendo desta escolha por preservar a origem étnica das personagens. Ainda esta semana o ator Billy Magnussen fo

i lançado como “um personagem original não visto na imagem animada de 1992”, de acordo com o jornal The Hollywood Reporter. O ator e o personagem são brancos.

Junto com o anúncio de Magnussen como príncipe “Anders” surgiram várias críticas a esta mudança de foco. Afinal, a mudança clara da narrativa original do filme e a escolha de um ator branco para interpretá-lo parece mais uma mensagem sobre como brancos precisam ser incluídos em todas produções, até quando não estão. Totalmente desnecessário.

A foto do elenco todo sorridente na primeira foto do conjunto poderia representar o tal “mundo ideal” cantado por Aladdin, aquele onde as liberdades e etnias são representadas não por “cotas”, mas pel respeito às origens. É sempre bom lembrar que apenas em 2010 a Disney apresentou sua primeira princesa negra, 73 anos depois de sua primeira princesa, Branca de Neve.

Esta polêmica de Aladdin e seu elenco acontece depois finalmente a Disney havia se retratado no sucesso do live-action A Bela e a Fera, trazendo a sexualidade e feminismo ao tom do filme. Os diretores do último longa lançado pela Disney incluíram negros em todas as outras esferas entre cantores, habitantes da vila e demais personagens, incluindo dois casais inter raciais,da namorada de Lumiér ao bibliotecário amigo de Bela.

É claro que todas estas mudanças na Disney não são apenas uma reparação histórica. A campanha norte-americana de que “se não me vejo, não compro” tem crescido cada vez mais no mercado, e na Europa, estima-se que a população afrodescendente possa chegar a 40%, que é aproximadamente a proporção de negros que aparece no filme.

O novo Aladdin, assim como A Bela e a Fera, tem tudo para dar certo se eles continuarem colocando a diversidade como algo fundamental na construção da identidade e do mundo. Porque em um mundo pessoas ainda são agredidas por neonazistas e presidentes, quero poder me refugiar nos contos de fada em que o bem vence o mal.

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