Os destaques do orgulho negro em 2021

Por Lucas de Souza Martins, de Brasília e Atlanta (EUA)

Na última matéria de capa da RAÇA em 2021, trouxemos as personalidades negras que foram destaque e nos encheram de orgulho

É inegável que 2021 trouxe duros desafios para o Brasil e o mundo. A pandemia da Covid-19 continuou a trazer restrições e fez com que perdessemos familiares, amigos e colegas próximos. O vírus continua a afetar a recuperação econômica de nosso país, especialmente de famílias mais marginalizadas e historicamente desfavorecidas. No entanto, o ano que termina deixou importantes legados e histórias que nos fortalecem. 2021 nos apresentou a novos heróis e heroínas do mundo negro, que nos inspiram a fazer mais, superar desafios e empreender mesmo em cenários tão delicados e por vezes perturbadores. Este ano também nos convidou a refletir sobre nossa própria saúde, tanto a mental como a física, e mostrou que até gigantes olímpicas passam por aflições e frustrações. Em sua última edição do ano, Raça celebra com seus leitores os nomes do Brasil e do planeta que fizeram a diferença em 2021, não somente em suas áreas de atuação, mas que trouxeram um legado essencial de transformação e luta por mais direitos em um mundo ainda tão desigual.

Esporte

Naomi Osaka

Reprodução

A tenista japonesa foi responsável por acender a pira olímpica na abertura dos Jogos de Tóquio, em julho deste ano. Com isso, Osaka se tornou a primeira tenista a ter a honra de oficializar a abertura de um torneio olímpico. Filha de pai haitiano e mãe japonesa, também em 2021, a atleta se tornou a primeira mulher negra a estampar a capa da prestigiada revista americana Sports Illustrated Swimsuit. Consagrada como vencedora de quatro títulos de Grand Slam, Osaka foi uma das primeiras atletas a chamar atenção para a questão da saúde mental de esportistas ao desistir de participar do torneio de Roland Garros em maio deste ano, por admitir enfrentar problemas ligados à depressão. Sua iniciativa fez com que um debate global sobre o tema viesse à tona. 

Simone Biles

Reprodução

Ginasta americana vencedora de quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, Simone Biles chegou aos Jogos de Tóquio como esperança de mais medalhas olímpicas para a sua terra natal. No entanto, ela desistiu de disputar algumas competições após avaliação médica e psicológica, para cuidar de seu bem-estar mental e físico. “Temos que proteger nossas mentes e corpos, não é apenas ir lá e fazer o que o mundo quer que façamos. Nós não somos apenas atletas, no fim do dia nós somos pessoas, e às vezes temos que dar um passo atrás”, afirmou Biles. A coragem da atleta em expor ao mundo suas lutas pessoais reforçou que até mesmo heroínas olímpicas são vulneráveis. 

Rebeca Andrade

Reprodução

A ginasta se tornou a primeira mulher brasileira e latino-americana a se consagrar campeã olímpica de Ginástica Artística nos Jogos de Tóquio. Além disso, fez história ao ser a primeira atleta feminina do Brasil a ganhar duas medalhas em competições olímpicas. Nascida em Guarulhos (SP), filha de uma empregada doméstica que criou sete filhos sozinha, Rebeca teve de superar três cirurgias no joelho até chegar ao ouro olímpico. Ainda em 2021, no Mundial de sua categoria na cidade japonesa de Kitakyushu, obteve duas medalhas na competição, levando o ouro no salto e a prata nas barras. Sua trajetória ficou também marcada pelas apresentações no solo ao som do funk “Baile de Favela”. “Eu sou preta e vou representar todo mundo. Eu acredito que tenha feito isso hoje trazendo minha música para cá e fazendo tudo que fiz”, disse a campeã.

Academia/Ciência

Jaqueline Goes de Jesus

Reprodução

Biomédica, doutora em patologia humana e pesquisadora baiana. Foi líder da equipe que sequenciou o genoma do novo coronavírus apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso no Brasil. Por seu trabalho no combate à Covid-19, Jaqueline foi uma das seis cientistas escolhidas no mundo pela Mattel para ser homenageada com sua própria versão da boneca Barbie. Atualmente, é pesquisadora bolsista da Fapesp em nível de pós-doutorado, no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da USP. Antes de atuar na pesquisa do novo coronavírus, ela foi parte da equipe que sequenciou o genoma do vírus da zika.

Thiago Amparo

Reprodução

Em 2021, o advogado passou a integrar o Conselho Editorial do jornal Folha de S. Paulo, onde também é colunista sobre temas de direitos e discriminação. Também neste ano, Amparo iniciou seu pós-doutorado pela Universidade de Nova Iorque (NYU), onde desenvolve pesquisa sobre vozes negras e LGBT na luta pela democracia no Brasil. Professor da escola de Direito e Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, foi consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento e subsecretário de direitos humanos e cidadania da Prefeitura de São Paulo, em 2017.

Política

Kamala Harris

Foto: Lawrence Jackson/The White House

Eleita na chapa de Joe Biden, ela se tornou a primeira mulher a assumir a vice-presidência dos Estados Unidos. Filha de pai jamaicano e mãe indiana, Harris era senadora de seu estado natal, a Califórnia, antes de chegar à Casa Branca. Recebeu um bacharelado em Artes por uma universidade historicamente negra, a Howard University, e depois se graduou em Direito pela Universidade da Califórnia. Atualmente, ela também acumula a presidência do Senado dos Estados Unidos e é responsável pelo voto de minerva para desempatar votações legislativas. “Eu posso até ser a primeira [vice-presidente mulher dos EUA], mas não serei a última”, declarou logo após anunciados os resultados de sua eleição.

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