Os impactos da pandemia na ansiedade

[TEXTO EDIÇÃO 214]

A pandemia nos colocou diante da urgência em ajustar rotinas e novos comportamentos são obrigatoriamente instituídos. O confronto com a realidade gera ansiedade e nos demanda o enfrentamento diário das
situações de perda.

Podemos conceituar ansiedade como uma emoção caracterizada por sentimentos de previsão de perigo, tensão e aflição que deixa o Sistema Nervoso Simpático (responsável pelas alterações no organismo em situações de estresse ou emergência) em vigilância constante. Pode também ser vista como um estado de humor desagradável, uma apreensão negativa com relação ao futuro, uma inquietação intensa e desagradável que se caracteriza também por possuir reações fisiológicas, comportamentais e subjetivas.

Além de situações reais que levam ao sofrimento físico ou cognições/pensamentos, há ainda a ansiedade antecipatória, vivenciada antes da ocorrência de uma situação estressante experimentada na
imaginação da pessoa que fica remoendo como será a futura situação desconfortável.

A ansiedade reduz a eficiência comportamental e inicia reações defensivas de esquiva, fixadas e estereotipadas. A indefinição quanto ao término da situação pandêmica, assim como a ausência de garantia de não infecção pelo vírus (agentes estressores) aliado a perda de familiares, conhecidos e colegas de trabalho, contribuem para a manutenção de elevados níveis de ansiedade. Diante deste cenário, indivíduos sentem-se impotentes e vulneráveis, precisando A aprender a lidar com essa realidade mundial. É comum haver o aumento do uso de medicamentos, bebidas alcoólicas e substâncias ilícitas.

A restrição do direito de ir e vir ocasionada pela situação de pandemia vai de encontro a um valor estrutural do ser humano: a liberdade. A falta dela – neste momento uma medida preventiva pode desencadear o fenômeno de Reatância Psicológica, no qual o indivíduo é “motivado/ impulsionado” internamente a lutar contra o que
lhe impede de ser livre.

Quando a liberdade é ampliada para a restrição de contato, pode desencadear uma instabilidade emocional em níveis elevados. O brasileiro é conhecido mundialmente por ser um povo afetuoso, caloroso. Neste momento não podermos nos reunir, nos abraçar, receber o aconchego de pessoas queridas. Isso nos faz perder um dos maiores remédios que possuímos: o afeto. Superaremos!

A ALICE MARIA é psicóloga clínica e hospitalar formada pela PUC-Rio. Perita Judicial, é especialista em Psicoterapia Existencial em Saúde Pública em Auditoria de Serviços de Saúde.

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