Papa manda recado a juízes: ‘Nenhuma sentença é justa se gera desigualdade’

O papa convidou os juízes a fazer uma reflexão sobre seu papel na sociedade, uma atividade que, segundo ele, ajuda a manter o foco no que é verdadeiramente prioritário.

“É importante fazer uma pausa em seu trabalho do dia a dia para pensar e pensar em si mesmo. Estou certo de que essa prática lhes ajudará a adquirir uma dimensão mais completa de sua missão e responsabilidade social” , disse o papa. “Quando a Justiça é verdadeiramente justa, aquela Justiça torna os países felizes e seus povos dignos. Nenhuma sentença pode ser justa, nenhuma lei é legítima se o que gera é mais desigualdade, se o que gera é mais perda de direitos, indignidade ou violência”.

O papa Francisco comparou o trabalho dos magistrados africanos e americanos ao dos poetas. O pontífice vê a necessidade da prática da contemplação como um ponto em comum entre duas atividades aparentemente tão distintas.

“O poeta precisa contemplar, pensar, compreender a música da realidade e moldá-la com palavras. Vocês, juízes, em cada decisão, em cada sentença, estão diante da feliz oportunidade de fazer poesia: uma poesia que cura as feridas dos pobres, que integra o planeta, que protege a Mãe Terra e todos os seus descendentes. Uma poesia que repara, redime e nutre”, afirmou Francisco.

Prosseguindo com a analogia entre poesia e magistratura, o papa voltou a insistir em seu ponto principal: a necessidade de os juízes trabalharem em busca de transformação social.

“Façam de sua poesia uma prática e, assim, vocês serão melhores poetas e melhores juízes. E jamais esqueçam que uma poesia que não transforma é apenas um punhado de palavras mortas” , disse ele. “Não renunciem a essa oportunidade. Assumam a graça a que têm direito, com determinação e coragem. Estejam cientes de que tudo o que contribuírem com sua retidão e compromisso é muito importante.”

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