Paulinho relembra convite de Messi, racismo na Europa e exalta Tite

Às vésperas do jogo do Brasil contra o México, Paulinho, o camisa 15 da seleção, relembrou os momentos mais marcantes de sua carreira até a convocação para disputar a Copa do Mundo na Rússia.

Em texto divulgado pelo The Players Tribune, o jogador contou sobre o convite de Messi, falou dos tempos difíceis na Europa e exaltou a relação com Tite.

A primeira “proposta” para jogar no Barcelona veio de ningém menos do que o craque da Argentina, durante um amistoso entre as seleções na Austrália.

— Messi vem ao meu encontro, olha direto nos meus olhos e diz: “Então…nós vamos para o Barcelona ou não?” Eu não tive nem tempo de pensar. Eu apenas disse, “se você quiser me levar, eu vou”.

Um mês depois, começaram a surgir burburinhos da transferência do jogador, que atuava na liga chinesa pelo Guangzhou Evergrande.

— Eu liguei pro meu empresário e disse, “Boss, pelo amor de Deus, eu tô ficando louco. Só me diz se isso é pra valer ou não”. Eu estava trocando mensagens com o Neymar, perguntando pra ele, “Cara, isso é sério? Você tá sabendo de alguma coisa? Eu vou ficar louco, de verdade”.

A confirmação aconteceu em agosto, após uma ligação do empresário às 4h da manhã, que fez Paulinho pegar o primeiro voo com destino a Barcelona, junto com a mulher e amigos que estavam hospedados na casa dele.

Racismo e depressão

Aos 17 anos, quando jogava em Vilnius, na Lituânia, o craque da seleção teve uma experiência traumática com os torcedores locais.

— Era [uma cidade] muito diferente do Brasil, e eu não falava a língua, mas era um lugar muito calmo. Até que um dia, quando estava andando pela cidade com um dos meus colegas, o Rodney, um grupo de caras muito agressivos veio ao nosso encontro e começaram a imitar macacos e a nos ofender. Nas ruas, as pessoas esbarravam na gente pra tentar provocar. Eles nos insultavam. Nos jogos, os torcedores dos times adversários faziam barulho de macacos e jogavam moeda contra a gente. Era um sentimento doentio.

Veja também: Bolões da Copa do Mundo viram mania entre os brasileiros

Paulinho voltou para o Brasil dois anos depois decidido a abandonar o futebol completamente. Mas o conselho da ex-esposa e o apoio incondicional dos pais fizeram o craque mudar de ideia.

— Ao longo de um mês, eu fiquei em casa com depressão. Eu saí do Brasil aos 17 anos com o objetivo de dar à minha família uma vida melhor, mas quando eu voltei pra casa dois anos depois eu estava completamente desiludido com o futebol. Depois de minha experiência na Europa, eu perdi o amor que sentia pelo futebol. Mas eu sabia que realmente machucaria meus pais se eu desistisse do futebol, então eu decidi jogar mais uma temporada. Eu retomei minha carreira do zero, com o Pão de Açúcar, na quarta divisão. 

O jogador ficou quatro anos no Corinthians, sob o comando do atual técnico da seleção brasileira, a quem ele se refere como pai.

— Foi lá [no Corinthians] que eu conheci o homem que mudou a minha vida e se tornou uma espécie de segundo pai para mim – Professor Tite. Fico emocionado quando falo dele, porque nós somos ligados de um jeito que é muito mais do que futebol. Ele me olhava direto no olho, sabia quando eu estava bem, assim como quando eu não estava tão bem. A gente não precisava dizer nenhuma palavra.

Apesar da ótima convivência com Tite, Paulinho disse que não imaginava que ganharia uma chance do técnico para disputar o Mundial da Rússia.

— Quando o Tite assumiu a Seleção Brasileira em 2016, eu fiquei extremamente feliz, porque ele merecia. Quando nós estávamos no Corinthians, eu costumava dizer a ele, “Professor, você sempre fala de jogadores que estão merecendo. Bem, eu sei que você merece ser técnico da Seleção Brasileira um dia”. Honestamente, eu não esperava que ele fosse me convocar. O Tite me deu uma chance para mostrar ao mundo que eu não estava morto.

Temporada na China

O jogador foi criticado por muitos por ter trocado Tottenham, na Inglaterra, para jogar no Guangzhou Evergrande, na liga chinesa.

— Meus amigos pensaram que eu tinha ficado maluco. Eles me escreveram, dizendo: “China? O que você vai fazer na China?” Eu respondi, “China, cara! Vamos ver”. Se você estiver jogando na melhor Liga do mundo e se sentir miserável, o que está fazendo ali? As pessoas disseram que a minha carreira estava acabada quando eu fui para o Guangzhou Evergrande, mas… bem, quando eu estava andando de ônibus na quarta divisão no Brasil, ninguém sabia quem eu era. Eu estava no túmulo, cara. Estava morto pro mundo.https://esportes.r7.com/copa-2018/paulinho-

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