Pesquisa aponta que mais de 50% das trabalhadoras domésticas estão sem renda durante a pandemia
Em pouco mais de 1 ano da pandemia do coronavírus, 95% das trabalhadoras domésticas relataram que a renda diminuiu.
Esses vínculos empregatícios são extremamente frágeis, em uma pesquisa realizada pelo observatório De Olho na Quebrada, da Unas (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região), entre dezembro de 2020 e março deste ano, conhecemos a história de diversas mulheres, dentre elas a de Terezinha Francisco Tavares, de 52 anos que trabalhava há 13 anos para uma família em São Paulo quando a pandemia começou, em março do ano passado e outra casa, prestava serviços há nove.
“Todo esse tempo de trabalho e saí com a diária do dia e mais nada. Todo o mundo tem um motivo. Teve que ajudar outras pessoas da família ou levou alguém para morar em casa, mas quem é mais prejudicado somos nós”, diz.
Diaristas moradoras das periferias paulistanas viram a renda desaparecer com a pandemia. Terezinha mora há nove anos em Heliópolis, maior favela de São Paulo, na zona sul da capital. Lá, assim como ela, 78% das mulheres que trabalham como diaristas ou mensalistas não têm carteira assinada.
Essas trabalhadoras não têm direito a férias, 13º salário, seguro-desemprego ou FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Em um ano e 2 meses de pandemia, 9 em cada 10 dessas mulheres relataram ter perdido algum posto no trabalho e segundo o De Olho na Quebrada, 47% trabalhavam em apenas uma casa, enquanto 24% iam em duas, e 14%, em três.
52% dessas mulheres relataram não ter mais nenhuma renda. Com isso, hábitos como fazer a feira semanal se tornaram um privilégio para muitos “Se não fosse o apoio da comunidade, o povo ia passar fome”, diz a diarista Maria Geani Souza Carvalho.
“Eu que mantinha a minha casa. Tinha mês que dava até para fazer uma comprinha extra. Acabou que eu tive que cortar essas comprinhas e ainda fiquei sem pagar o carnê. Agora estou com o nome sujo”, conta. Giani diz contar com o apoio do filho, que garante o pagamento do aluguel.
97% das trabalhadoras domésticas entrevistadas em Heliópolis são mães e metade delas é solo, mais de 70% delas são negras e 48% têm entre 40 e 59 anos.