Polícia investiga morte de homem negro que sofreu agressão de seguranças

Um homem negro foi espancado até a morte por dois homens brancos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite de quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, em uma unidade do supermercado Carrefour. Os acusados pela morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, presos em flagrante, eram um segurança da unidade e um policial militar.

A delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa do Departamento de Homicídios da Polícia Civil gaúcha, disse nesta sexta-feira (20) que a morte pode ter sido decorrente de um ataque cardíaco, provocado pelas agressões.

As informações preliminares foram passadas à delegada por legistas do Departamento Médico Legal, onde é feita a necrópsia no corpo da vítima.

De acordo com informações da Brigada Militar, o homem estava no caixa do supermercado, no bairro Passo D’Areia, na Zona Norte da capital gaúcha, e teria ameaçado agredir a mulher, que chamou os seguranças. Os dois funcionários teriam posto João Alberto Silveira Freitas para fora da loja. A partir de então, as versões do fato são divergentes.

As imagens do espancamento foram registradas em vídeo e circulam nas redes sociais. A investigação trata o crime como homicídio qualificado. A Brigada Militar – como é chamada a Polícia Militar em Porto Alegre – afirma que a vítima passou a brigar com os seguranças por não aceitar a remoção do local. Testemunhas que estavam no supermercado afirmam que o homem foi seguido pelos dois seguranças dentro do estabelecimento e agredido na saída.

Apontados como autores do crime, o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva e o segurança Magno Braz Borges, foram autuados em flagrante. O PM foi encaminhado para o Presídio Militar e o Borges, para a Cadeia Pública, conhecida como Presídio Central.

O que dizem as partes

A Brigada Militar, em nota, informou que o PM é “temporário” e estava fora de seu horário de trabalho. O comunicado diz ainda que suas atribuições são limitadas à “execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento” e “guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos”. Não ficou claro, em nenhum momento, o que ele fazia no mercado no momento em que espancou até a morte a vítima.

O Carrefour informou que lamenta profundamente o ocorrido, diz ter iniciado rigorosa apuração interna dos fatos. A rede de supermercados chamou ato de criminoso e anunciou rompimento do contrato com a empresa de segurança.

Leia a nota na íntegra:

“O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário”.

“O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente”.

“Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como essa aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo o que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo o suporte para as autoridades locais”.

As imagens

A polícia vai analisar as imagens do vídeo que circula nas redes sociais, em que é possível ver dos homens vestindo roupa preta, o que aparenta ser o uniforma dos seguranças do Carrefour, dando socos no rosto da vítima, já jogada no chão. Uma mulher próxima a eles parece filmar as agressões com um celular. A Polícia Civil diz que, além desse vídeo, também vai analisar as câmeras de segurança do local.

Já com sangue espalhado pelo chão do lado de fora da unidade do Carrefour, outras pessoas aparecem em volta da vítima, enquanto os dois agressores continuam seguem em cima dele, o espancando mesmo sem nenhuma reação.

Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tentou reanimar Freitas depois do espancamento, mas ele morreu no local. O crime está em investigação pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre.

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