Polícia norte-americano dispara sobre colega negro por engano
Situação reavivou o debate sobre a discriminação racial
Um polícia norte-americano disparou sobre um colega de profissão que estava fora de serviço, quando este tentou ajudar os camaradas após uma altercação e um tiroteio devido ao roubo de um automóvel. O polícia atingido ficou ferido, mas sem correr perigo de vida.
O incidente ocorreu a 21 de junho, em St. Louis, quando polícias em serviço tentaram parar um carro que tinha sido dado como roubado, explicou Lawrence O’Toole, chefe da polícia da cidade norte-americana.
As três pessoas que estavam no carro abriram fogo e fugiram, com os polícias a acertarem no tornozelo de um dos suspeitos.
Um polícia negro que estava fora de serviço, de 38 anos e já com 11 anos na polícia, ouviu tudo quando estava em casa e pegou na sua arma para ir ajudar, segundo o comunicado da polícia
Quando chegou à cena do tiroteio, dois dos agentes disseram para se deitar no chão mas, quando o reconheceram, disseram que podia avançar. Contudo, um outro polícia acabado de chegar, não reconheceu o agente fora de serviço e alvejou-o, porque “temia pela sua segurança” – foi essa a justificação dada pelo advogado mais tarde. Atingiu o colega de profissão no braço, com este a necessitar de ser levado ao hospital.
Rufus J. Tate Jr., um advogado do sindicato de agentes negros, afirmou que a polícia não deu detalhes sobre o que o agente que disparou achou ameaçador para ter disparado.
“No relatório da polícia não há descrição da ameaça. E nós temos um problema com isso. Mas isto tem sido uma discussão nacional nos últimos dois anos. Há uma perceção de que o homem negro é automaticamente receado”, afirmou o advogado.
O incidente reavivou o debate sobre a questão do treino policial e da discriminação racial nas comunidades, especialmente em St. Louis, onde a morte de negros às mãos das autoridades tem sido uma questão bastante discutida.
A senadora Jamilah Nasheed comentou também o caso, afirmando que o facto de o polícia que disparou se sentir ameaçado não pode ser desculpa. “Ainda estamos a tentar recuperar dos tiroteios que envolveram a polícia [e afro-americanos]. E agora os polícias estão a disparar contra colegas e chamam-lhe ‘fogo amigo’? A situação diz que os homens brancos em roupa azul têm medo de homens negros”, disse.
“Tem de haver uma discussão sobre a sensibilidade. Se se vai interagir com afro-americanos a primeira coisa que não se deve fazer é ter medo”, acrescentou.