Pontos turísticos afro-brasileiros no Rio
Oswaldo Faustino apresenta alguns pontos turísticos no Rio de Janeiro que contam um pouco sobre a história dos escravos do Brasil
TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTO: Reprodução | Adaptação web: David Pereira
Repleto de pontos turísticos, mas sonhando ser uma Paris, a cidade do Rio de Janeiro, antiga capital do Império e posteriormente da República sempre elencou para visitação o que imaginou deslumbrar os olhos europeus. Porém, ela possui outros encantos e riquezas ancestrais.
A história dos escravizados e seus descendentes, no Rio de Janeiro, segundo os organizadores do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, pode ser contada através da visitação a seis pontos da cidade: o Cais do Valongo, rebatizado de Cais da Imperatriz; o Jardim Suspenso do Valongo; a Pedra do Sal; o Largo do Depósito; o Cemitério dos Pretos Novos; e o Centro Cultural José Bonifácio. Este último, porém, não seria maciçamente frequentado por negros e por negras. Trata-se de um palacete inaugurado em 1877, pelo imperador Dom Pedro II, como a primeira escola pública da América Latina, quando era proibido aos cativos frequentarem escolas. Nos anos 80, ele foi transformado num centro cultural voltado à cultura afro-brasileira. Após sua restauração, pelo programa Porto
Maravilha Cultural, foi reaberto no último Dia da Consciência Negra (20 de novembro) com o projeto educativo África Diversa.Sob a curadoria de Daniele Ramalho, o África Diversa constitui-se de oficinas culturais, palestras, exposições e também apresentações artísticas. No dia 20 de janeiro último – na festa de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro – encerrou-se a primeira fase deste projeto, mas outras acontecerão ao longo do ano. Entre os palestrantes estava o historiador Carlos Eugênio Soares, que falou sobre as transformações da geografia histórica do Porto do Rio de Janeiro, nos séculos XIX e XX, sobre a capoeira e também sobre o sistema negreiro do Valongo e o tráfico internacional de escravizados. A doutora em psicologia pela USP e mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova Iorque, Elisa Larkin, viúva de Abdias do Nascimento, com quem fundou o Ipeafro – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, traçou uma linha do tempo africana.