Primeira milionária negra está entre os Top 10 na Netflix

Por Flavia Cirino / Fotos: Reprodução

Em tempos de quarentena, assistir séries tem sido uma ótima opção para todos. E a estreia de “Self-Made”, que conta a história de Madam C.J. Walker, primeira mulher americana se tornar milionária, tem figurado na lista de preferência do público.

 

Protagonizada por Octavia Spencer, a série é uma adaptação do livro On Her Own Ground escrito pela trineta neta de Walker, A’Lelia Bundles, e dirigido por mulheres negras (DeMand Davis e Kasi Lemmons). Lavadeira, Sarah BreedLove driblou preconceitos raciais e de gênero. As dificuldades que enfrentava com o próprio cabelo dão o ponto de partida. Naquela época, era muito comum que mulheres negras sofressem com caspas severas e calvície, devido à aplicação de produtos capilares agressivos, como lixívia, que era incluído em sabonetes para limpar o couro cabeludo. BreedLove foi uma das afetadas. Junto com a perda de cabelo, a mulher se sentia feia e não tinha autoestima. Até que conheceu Annie Malone, conhecida na época por ter uma fórmula milagrosa que fazia as madeixas crescerem.

 

Recusada por Annie ao se oferecer como vendedora de seus produtos, Sarah teve a ideia de criar sua própria linha especializada cabelos afro. Em meio a muita luta, traições de funcionários e do marido, interpretado por ela Blair Underwood,  alcança ascensão como empresária astuta e ativista.

 

Vale destacar que Octavia Spencer produziu a série ao lado de LeBron James

 

Sobre Madame C.J. Walker:

Ao nascer no dia 23 de dezembro de 1867, em uma plantação de algodão em Louisiana, Walker recebeu o nome de Sarah Breedlove. Foi a primeira dos cinco irmãos a nascer livre: seus pais foram escravizados. Quando tinha apenas sete anos, ficou órfã, e foi morar com a irmã mais velha e o cunhado no Mississippi, onde trabalhou como empregada doméstica.

 

Casamentos para fugir da opressão
Aos 14 anos, para escapar do ambiente opressivo, casou-se com Moses McWilliams e em 1885, aos 18 anos, teve a primeira e única filha. McWilliams morreu dois anos depois, e Walker chegou a casar novamente, mas pouco tempo depois se separou. Mudou-se para o Missouri, onde trabalhava como lavadeira e ganhava US$ 1,50 por dia. Lá, conheceu Charles Joseph Walker, um vendedor de anúncios de jornais, com quem se casou em 1906 e ficou conhecida como Madam C.J. Walker.

 

Problemas no couro cabeludo
No Missouri, Walker começou a sofrer com caspa severa e outros problemas no couro cabeludo, inclusive queda de cabelo que a deixou careca, por causa de alergias a produtos dos sabonetes. Durante uma feira de produtos na cidade, ela conheceu Annie Malone, empresária negra do ramo de produtos de cabelo e dona da empresa Poro Company, e se tornou vendedora. Foi assim que começou a aprender mais sobre os cosméticos e a desenvolver sua própria linha.

 

Lançamento dos produtos
Mais ou menos na época em que se casou com Charles Joseph Walker, ela lançou seus primeiros cosméticos. O marido ajudou na parte de publicidade e promoção (partiu dele a ideia de que ela usasse o nome Madam C.J. Walker), e ela vendia tudo de porta em porta enquanto ensinava outras mulheres negras a cuidarem do próprio cabelo. Em 1910, ela transferiu as operações do negócio para Indianápolis, onde não só manufaturava os produtos, mas também treinava um verdadeiro exército de agentes de vendas: em 1917, no auge das atividades, teria treinado mais de 20 mil mulheres, que se tornaram bem conhecidas na comunidade negra dos Estados Unidos.

 

Legado
Na medida em que se tornou rica e popular, Walker participou cada vez mais da luta contra o racismo. Entre suas ações de filantropia estão doações para bolsas de estudos e moradia para idosos, além de apoio a instituições focadas em melhorar as vidas dos negros. Mesmo após sua morte, em 1919 aos 51 anos e com uma fortuna estimada em US$ 8 milhões (valores corrigidos para a atualidade), ela continua a contribuir com diferentes causas — a mansão que construiu em Irvington, Nova York, vai ser transformada em um local de apoio a iniciativas de mulheres negras que querem empreender. A empresa de cosméticos, por sua vez, encerrou as atividades em 1981, mas até hoje é lembrada e homenageada em novas linhas de produtos, como a Madam C.J. Walker Beauty Culture, da rede Sephora.

 

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