Raça Negra até no nome

Dandara carrega o nome da guerreira negra que foi esposa de Zumbi dos Palmares

 

TEXTO: Redação | FOTO: Divulgação | Adaptação web: David Pereira

Raça Negra até no nome | FOTO: Divulgação

Raça Negra até no nome | FOTO: Divulgação

Filha de pai branco e mãe negra, Dandara Albuquerque tem 23 anos e mora em Copacabana, no Rio de Janeiro. Esta extrovertida sagitariana, formada em Direito, carrega o nome da guerreira negra que foi esposa de Zumbi dos Palmares e mãe de seus três filhos (Motumbo, Harmódio e Aristogíton).

Alguém duvida do orgulho que ela sente por isso? “E também uma grande responsabilidade, principalmente em um país onde o preconceito ainda existe, mesmo que de forma velada. Me sinto honrada por representar essa mulher fantástica e sou eternamente grata aos meus pais por terem escolhido este nome para mim”, afirma a moça, que nasceu em novembro de 1988, cem anos após a “suposta” abolição da escravatura no Brasil.

E sobre os pais, aliás, ela é só elogios, principalmente por ter recebido deles um grande incentivo para estudar. Na verdade, uma lição de vida. “Eles sempre enfatizaram que a educação é a única coisa que levamos para o resto da vida. Ela é capaz de iniciar uma transformação que começa de dentro para fora e é fundamental na construção de um ser humano melhor. Pena que no Brasil a educação não seja valorizada como deveria”, analisa.

Sobre sua escolha profi ssional, Dandara conta que sempre quis estudar Direito por achar a carreira jurídica fascinante, porém, ao descobrir o teatro e toda a magia dos palcos, se apaixonou perdidamente pela arte. “É um instrumento poderoso de libertação! Apesar de todo o encantamento, ele é capaz de abriros nossos olhos para a realidade e nos fazer enxergar o mundo de forma muito mais consciente e humana. A sensação que tenho é que antes eu estava dormindo e, só agora que comecei a estudar artes cênicas, despertei para vida”, avalia Dandara, aluna do Instituto Nossa Senhora do Teatro. Sua pretensão profissional agora é seguir a carreira artística, ter seu trabalho reconhecido e conquistar uma vida digna fazendo aquilo que lhe traz felicidade. “Acredito que este seja o verdadeiro significado de realização pessoal.”

Em matéria de beleza, durante muitos anos, Dandara buscou no alisamento a solução para os ‘seus problemas’, mas hoje percebe que foi uma total perda de tempo. “Descobri que amo o volume dos meus cabelos e não troco meus cachos por nada. A beleza negra deve ser reconhecida e valorizada, mas isso só vai acontecer de fato quando os próprios negros tiverem orgulho dela”, ensina.

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