Filmes ajudam a entender a política de encarceramento e aplicação “desigual” da justiça nos Estados Unidos e no Brasil
Mais de 2 milhões de pessoas vivem em prisões nos Estados Unidos, apesar de a população negra representar menos de 15% da população daquele país, são mais de 38% nas cadeias.Segundo dados da Justiça brasileira, a população prisional no país, em 2016, era de 726.712 mil pessoas e a taxa de ocupação nos presídios de 197,4%. O mesmo documento informa que 64% das pessoas no Sistema Prisional brasileiro, naquele ano, eram negras.
Entre as teorias que explicam o encarceramento em massa ou mesmo a execução de pessoas negras, está o racismo institucional, que se concretiza, também, pelo acesso desigual e discriminatório à justiça.
A cinematografia, seja pela documentação ou pela ficção, tem explorado esse tipo de conteúdo e títulos ancorados nessa reflexão estão disponíveis nas principais plataformas de streaming, entre eles, “Time” (2020), “Auto de resistência” (2018) e “13a Emenda” (2016).
Time
Lançado no ano passado, o filme apresenta os erros, a luta e a resiliência de Fox Rich, na busca por uma revisão de julgamento do seu marido, condenado a 60 de reclusão por assaltar um banco. Para além dos desafios de criar seis filhos e manter a família unida em torno do ideal de liberdade, o filme deixa evidentes os obstáculos encontrados pela protagonista na busca por “justiça”, durante duas décadas. Trailer Oficial: https://youtu.be/kq6Hh07oLvs
13a Emenda
Dirigido por Ava DuVernay, o filme apresenta um panorama detalhado dos caminhos que levaram os Estados Unidos ao encarceramento em massa e, especialmente, da população negra. A narrativa passa pela leitura crítica da 13a Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que abole a escravidão, exceto como punição por crime. Entre as pessoas entrevistadas estão Ângela Davis, Cory Booker e Michelle Alexander. Trailer Oficial: https://youtu.be/z7iB1v7PUiA
Auto de resistência
O filme dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho e lançado em 2018, acompanha casos de homicídios cometidos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, sob a justificativa de legítima defesa. O documentário joga luz especial sobre como todo o sistema opera, levando ao arquivamento da grande maioria dos casos. A ação das mães dos jovens assassinados também tem destaque, na medida que elas são personagens-chave não só para elucidar os acontecimentos como também, para ressignificar a visão da sociedade sobre a importância da vida de seus filhos. Trailer Oficial: https://youtu.be/5QJUPanVCUo
Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.