Prefeitura de São Paulo realiza o maior evento da Consciência Negra no Brasil, em 2021

Em entrevista à RAÇA, a assessora especial da SMRI, Adriana Vasconcellos, conta detalhes sobre a criação da primeira edição da Expo Internacional Do Dia da Consciência Negra

Durante os dias 20, 21 e 22 de novembro, a Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI) realiza a 1ª Expo Internacional Dia da Consciência Negra de São Paulo. O evento será realizado no Centro de Exposições do Anhembi, localizado no bairro de Santana, zona norte da capital paulista. A feira promove um ciclo de debates nas áreas da saúde, economia, justiça, cultura e tecnologia, além de oferecer shows gratuitos com artistas negros consagrados no Brasil.

O tema da primeira edição é “São Paulo Farol Antirracista” e contará com apresentações Xande Pilares, Leci Brandão, Rael, Rashid, Sandra de Sá, Dexter, Mc Soffia e banda Black Rio. O espaço traz cinco eixos temáticos, entre eles Cultura (com 35 estandes), Empreendedorismo e Tecnologia (26), Mulheres Negras (25), Saúde (18) e Educação (16). A decoração e cenografia foi produzida pelos profissionais que já atuam no Carnaval de São Paulo e trazem referências culturais de África, com propostas lúdicas e interativas.

Adriana Vasconcellos, idealizadora e assessora especial da SMRI é quem está à frente do projeto. Em entrevista, ela contou que o objetivo da Expo Internacional Dia da Consciência Negra é combater o racismo estrutural a partir da educação, sensibilização e transformação, oferecendo aos visitantes uma imersão histórica na trajetória da cultura negra no Brasil, destacando sua contribuição enraizada na formação do país.

Adriana Vasconcellos/Reprodução

Adriana como nasceu a iniciativa?

A iniciativa nasceu a partir da necessidade que eu vi de a Lei 10.639/2003 estar dentro das escolas. Da necessidade de realmente implementar a lei dentro das escolas. Eu sou professora da rede e vejo os meus colegas não compartilhando essa educação, não sabendo fazer isso. Então surge o Farol de Combate ao racismo estrutural baseado totalmente na educação formar professores da rede, em pós-graduação e educação étnico-racial e sensibilizar esses professores em relação a eles serem racistas e o que eles fazem a partir disso. Esse é um ponto.

Nós estamos falando sobre um legado, e a Expo vem firmar este legado. Vai ser um evento em que a gente vai vivenciar essa 10.639/2003, a partir de cinco eixos: educação, cultura, mulher negra, saúde, empreendedorismo e tecnologia. E é um mergulho nessa história não contada.

O que esperar desse gigantesco evento hoje no Anhembi?

As pessoas que vierem podem esperar muito entretenimento, mas sempre pensando na conscientização, na educação, sensibilização e transformação.

Como a educação irá poder se apropriar de todo o conteúdo que a feira irá proporcionar?

Todo conteúdo gerado no evento vai ser compilado em materiais para educação, justiça, empreendedorismo e também trazer as escolas é um ponto determinante. Porque uma coisa é ter a teoria na sala de aula, outra coisa é a vivência, a experienciação (sic) que esse alunos vão ter e também para os professores, já que esses professores não são formados de maneira adequada a ter essa possibilidade e capacitação para ter a 10.639 dentro das suas disciplinas.

Como será o espaço para as crianças?

A história vai ser contada em três partes, passado, presente e futuro. O espaço “Quilombinho” vai ter túnel do tempo, que eles vão passar brincando. Quando eles saem desse túnel tem um agigantador da imagem, que vai ser projetada em dez metros de altura, vamos ter contação de histórias, vamos ter a GCM com teatrinho para crianças para trazer a proximidade delas com a segurança, livrinhos para pintar. Então, é necessário desde a primeira infância que as crianças tenham contato com esse tema, que é real, que existe e que já é colocado para as crianças desde a infância, no caso, para crianças brancas ensina-se racismo e as crianças negras são colocadas em lugar de inferiorização. O Quilombinho é um espaço para atender todas as crianças, é um espaço de educação.

Como educadora, acredita que as interfaces de educação, cultura e entretenimento podem ajudar na luta antirracista?

A cultura, a educação e o entretenimento incidem diretamente na luta antirracista. Porque é um tema denso e às vezes as pessoas se negam a falar sobre, negam a existência, são reativas, então é fundamental que a gente traga diversos tipos de comunicação, diversos elementos para atingir a todas as pessoas, cada um a seu modo. Já que o racismo atinge todas as pessoas. As pessoas não negras também são atingidas por ele, elas são impedidas de ter um desenvolvimento enquanto ser humano, desenvolvimento econômico. Então, o racismo atrapalha o nosso país de ser uma nação. Então nesse sentido, nós estamos falando sobre a saúde da sociedade como um todo.

Foram meses de intensos trabalhos, como se sente hoje?

Estou muito feliz. Um misto de sensações e de lembranças. Mas hoje encontro-me feliz e certa de que esta aqui já foi realizada. Agora vou pensando nas próximas. É muito emocionante ver tudo isso sendo realizado. Pensando que não é para mim, pensando que é sobre a perspectiva do coletivo. Então me sinto feliz e realizada.

Como vê a feira nos próximos anos?

Ela vai vir com muito mais força. Porque as pessoas vão ter acessado, conhecido. Vamos ter mais pessoas querendo compor, querendo ser parceiros e a próxima já está na minha cabeça. Espero todos, todas e todes e agora é aproveitar essa Expo da melhor maneira.

Confira a programação de mesas de debates:

Dia 20
10h, Abertura
Reconhecimento – Combate ao Racismo entre presente, passados e futuros
Com Irene Vida Gala, Elisa Lucas, Kenia Maria, Judith Morrison, Edna Roland, Adriana Vasconcellos e Marta Suplicy

11h30
Museus, Cultura e Educação – uma conversa entre o Museu Afro-Brasil e o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana
Com Siméia Mello, Kendely Oliveira, Paul Gardullo e Dr. Dwandalyn Reece.

14h
Mesa 1 – Passado: Reescrever o passado, pensar o presente e imaginar futuros pela literatura
Com Lilia Schwarcz, Itamar Vieira e Rosane Borges

16h
Mesa 2 – Presente: Ocupando todos os lugares – raça, gênero e território no mercado de trabalho e na mídia
Com Mafoane Odara, Adalberto Neto, Urenna Best (Panamá) e Preto Zezé. Mediação de Thais Bernardes.

17h30
Mesa 3 – Futuro: Empreender e reinventar: decodificando o futuro por uma perspectiva afrodiaspórica
Com Niousha Roshani (Costa do Marfim), Jaqueline Góis, Hélio Santos. Mediação de Adriana Vasconcellos

Dia 21

10h
Mesa 4 – Passado: Resgatando e Preservando tradições africanas pela saúde, cultura e educação
Com Katiúscia Ribeiro, Leila Rocha e Oba Kabiesy Adekunle Aderonmu. Mediação de Joyce Ribeiro

11h30
Justiça, racismo e sistema carcerário: dos velhos probelams aos desafios da tecnologia
Com Babyi Querino, Roberto Tardelli e Dora Cavalcanti. Mediação de Eunice Prudente

14h
Mesa 5 – Presente: Cultura, Internet e Tecnologia no combate ao racismo e na garantia de direitos
Com Silvio Almeida, Neon Cunha, Egnalda Côrtes e Viviane Ferreira. Mediação de Joana Raphael (OMPIR, Niterói)

16h
Mesa 6 – Futuro: Abrindo outros caminhos: economia, sustentabilidade e políticas afrofuturistas
Com Nina Silva (Black Money), Armelle Cibaka (ICLEI), Roberto Rojas (OEA) e Katyna Argueta (PNUD). Mediação de Jonathan Raymundo


Dia 22

10h
Desenvolvimento – Perspectivas para uma economia antirracista
Com Natália Dias (Standar Bank), Luana Ozemela (Roots Fund), Rui Mucaje (Afrochamber) e Marta Suplicy (SMRI)

Serviço:
Quando: Aberta ao público de 20 a 22 de novembro
Onde: Pavilhão Oeste do Anhembi (Av. Olavo Fontoura, 1.209, Santana, São Paulo)
Inscrições: https://bit.ly/3kOstJp

Pandemia: De acordo com os protocolos sanitários estipulados na Resolução estadual nº 166, de 4 de novembro de 2021, as pessoas com mais de 12 anos terão que apresentar comprovante do esquema vacinal completo contra a covid-19. Aqueles que receberam apenas a primeira dose e menores de 12 anos deverão apresentar teste do tipo PCR negativo com até 48 horas de antecedência, ou antígeno realizado em até 24 horas antes do evento.

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