Tebas, o arquiteto escravizado que delineou a face de São Paulo

Tebas é uma figura de grande importância na arquitetura brasileira, em especial, a de São Paulo. Se caminharmos pelo Centro da cidade, vamos nos deparar com prédios e igrejas que foram projetadas por ele. Joaquim Pinto de Oliveira, como era chamado o arquiteto negro escravizado, viveu de 1721 a 1811 e deixou um rica contribuição para a capital paulista.

Conhecido como Mestre da cantaria, era profissional especializado em talhar blocos de rocha bruta para construir edifícios. Nascido em Santos, no litoral paulista, foi trazido para São Paulo pelo mestre pedreiro português Bento de Oliveira Lima, em 1740, ainda como um homem escravizado. O arquiteto desenvolvia ornamentação de igrejas e trabalhou na restauração do Mosteiro de São Bento nos anos de 1766 e 1798, além de atuar na restauração da antiga Catedral da Sé, em 1778.

Quando Tebas começou seu trabalho na capital paulista, a cidade era erguida, principalmente, por construções de barro (conhecidas como taipas) que limitavam as possibilidades de criar diferenciais estéticos. Por isso, o trabalho do arquiteto impactou decisivamente as construções no município. As igrejas eram suas principais clientes, além disso, seu trabalho também era requisitado por muitas pessoas.

O que era algo inacreditável para época, um escravizado ser remunerado pelo trabalho, acontecia com Tebas, quando ergueu a primeira torre da igreja Matriz da Sé (1750), quando desenvolveu ornamentos para as fachadas da Ordem Terceira do Carmo (1775-1778), Ordem Terceira do Seráfico Pai São Francisco (1783) e no Mosteiro de São Beto (1766 e 1798), que citamos anteriormente.

O Chafariz de Tebas ou Chafariz da Misericórdia é um monumento conhecido, construído pelo arquiteto em 1791 no Largo da Misericórdia, centro de São Paulo. O chafariz foi demolido na segunda metade do século XIX, em 1866, e estava localizado nos cruzamentos da rua Direita com a rua Quintino Bocaiúva e Álvares Penteado.

No ano de 1778, aos 57 anos, Tebas conseguiu comprar a própria alforria.

O arquiteto faleceu em 11 de janeiro de 1811, aos 90 anos e seu corpo foi enterrado na Igreja de São Gonçalo, localizada na Praça João Mendes, centro de São Paulo.

Em 2020, o artista plástico Lumumba Afroindígena e a arquiteta Francine Moura criaram uma estátua em homenagem ao arquiteto. Com características afro-futuristas, a estátua foi instalada na Praça Clóvis Bevilácqua e inaugurada em 5 de dezembro de 2020.

Comentários

Comentários

About Author /

Start typing and press Enter to search

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?