USP tem mudança histórica! Pela primeira vez alunos de escolas públicas são a maioria

Neste ano, 47,8% dos alunos ingressantes são oriundos de escolas públicas e 44,1% ingressaram na modalidade PPI.

Em 2020, a USP registrou o índice de 47,8% de alunos matriculados oriundos de escolas públicas em seus cursos de graduação, e, dentre eles, 44,1% autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI), e alcançou a meta estabelecida pelo Conselho Universitário para a reserva de vagas destinadas a esses estudantes.

Este é o terceiro ano em que a USP adota a reserva de vagas. A reserva vem sendo feita de forma escalonada: no ingresso de 2018, foram reservadas 37% das vagas de cada Unidade de Ensino e Pesquisa; em 2019, a porcentagem foi de 40% de vagas reservadas de cada curso de graduação; para 2020, a reserva das vagas em cada curso e turno foi de 45%; e no ingresso de 2021 e nos anos subsequentes, a reserva de vagas deverá atingir os 50% por curso e turno.

Nessa reserva também incide o porcentual de 37,5% de cotas para estudantes autodeclarados PPI, índice equivalente à proporção desses grupos no Estado de São Paulo verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Vahan Agopyan – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Na inscrição do vestibular, tanto para a Fuvest quanto para o Sisu, ao escolher sua carreira e seu curso, o vestibulando tem três opções: Ampla Concorrência (AC), Ação Afirmativa Escola Pública (EP) e Ação Afirmativa Preto, Pardo e Indígena (PPI).

A reserva de vagas na USP para alunos oriundos de escolas públicas e, dentre eles, os autodeclarados pretos, pardos e indígenas não deve ser vista como uma atitude puramente assistencial. Por um lado, ela é um ato de justiça social, pois dá a oportunidade de jovens inteligentes, mas sem a oportunidade de se prepararem adequadamente, ingressarem na Universidade e, por outro, é uma maneira de a própria USP atrair esses talentos para os seus quadros. No fim, a grande vencedora é a sociedade”, afirma o reitor Vahan Agopyan.

Mais diversidade

Em 2020, o número de calouros autodeclarados PPI nos cursos de graduação aumentou. Neste ano, dos 11.086 alunos ingressantes, 2.897 são estudantes pertencentes a esse grupo, o que representa 26,1% do número total de vagas, independentemente da modalidade de concorrência.  No ano passado, esse índice foi de 25,7%.

O pró-reitor de Graduação, Edmund Chada Baracat, chama a atenção para o fato de que 21,1% desses alunos não utilizaram o sistema de reserva de vagas para ingressar na Universidade – 611 entraram na modalidade Ampla Concorrência, 372 na modalidade Escola Pública e 1.914 estudantes foram admitidos por meio da modalidade EP-PPI.

Outro dado ressaltado pelo pró-reitor é que 47,8% (5.299) dos alunos ingressantes cursaram todo o ensino médio em escolas públicas, contra os 45,2% (5.010) vindos de instituições particulares. Em 2019, esse índice foi de 41,8%. “O número de estudantes oriundos da escola pública vem aumentando ano a ano, e estamos caminhando a passos largos para que esse índice alcance os 50% em 2021”, considera Baracat.

Os demais 924 ingressantes cursaram o ensino médio parte em escola pública, parte em escola privada ou, ainda, em escolas particulares com bolsas e em fundações.

Importante mudança no perfil dos ingressantes diz respeito à situação socioeconômica da família. Em 2020, 47,5% dos calouros têm renda familiar bruta entre um e cinco salários mínimos e 52,5% têm renda acima dos cinco salários mínimos. Em 2019, esses índices foram de 45% e 55%, respectivamente.

Metas alcançadas

De acordo com levantamento feito pela Pró-Reitoria, dos 181 cursos oferecidos pela Universidade, 152 cumpriram a meta, atingindo 45% ou mais das vagas preenchidas por alunos de escolas públicas, e 23 deles registraram índice acima dos 40%.

Entre os PPI ingressantes segundo a modalidade EP/PPI, 150 cursos cumpriram a meta de, no mínimo, 37,5% das vagas preenchidas destinadas a esse grupo. Em 141 deles, o porcentual de autodeclarados PPI dentre os alunos oriundos de escola pública foi de, pelo menos, 40%, destacando-se os cursos de Farmácia (integral), com 54,5%; Design (noturno) com 52,6%; Relações Internacionais (diurno), com 57%; Biotecnologia (diurno), com 53,6%; Direito (noturno), com 46,7%; Relações Públicas (matutino), com 66,7%; e Geografia (diurno), com 68,4%.

Os cursos de Medicina oferecidos pela USP também alcançaram resultados expressivos e tiveram, entre os matriculados, 46,8% de alunos PPI oriundos de escolas públicas, em São Paulo; 44,4% em Ribeirão Preto; e 40,7% em Bauru.

No caso dos cursos de Engenharia, a Escola Politécnica (Poli), a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e a Escola de Engenharia de Lorena (EEL) tiveram a média de 40,5% de alunos EP-PPI.

Incentivo para o ingresso

Uma das ações adotadas para estimular a participação de estudantes de escolas públicas nos processos de seleção para o ingresso na USP foi a criação do programa Vem pra USP!, que já está em sua terceira edição.

Uma das vantagens de participar do programa é que o aluno consegue vivenciar como funciona o processo de ingresso em uma universidade pública, desde o formulário de inscrição, o acesso aos conteúdos abordados, até conhecer as possibilidades de auxílio no caso de possuir necessidades socioeconômicas.

A CUCo é uma dessas experiências. O aluno participa de uma prova realizada pela internet, com 18 questões de múltipla escolha sobre ciências humanas, ciências da natureza, matemática e língua portuguesa. Os alunos com melhor desempenho avançam para uma segunda fase, que geralmente é presencial na escola de origem, com testes das mesmas disciplinas. O nível de dificuldade das questões varia conforme o ano do ensino médio em que o aluno está.

Em 2019, o Vem pra USP! teve número recorde de inscritos. Foram quase 140 mil estudantes do ensino médio, oriundos de 3.710 escolas do Estado de São Paulo, localizadas em 602 municípios. Mais de 600 alunos participantes da CUCo foram aprovados para ingressar na USP no vestibular deste ano.

A CUCo é realizada a partir da parceria entre a USP, a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. O programa também conta com a colaboração das Diretorias Regionais de Ensino, do Centro Paula Souza e das escolas vinculadas.

Depois, como continuidade do Vem pra USP!, os estudantes mais bem classificados nas provas são premiados com monitorias de alunos da USP, isenção da taxa do vestibular, bolsas de pré-iniciação científica na Universidade, entre outras vantagens. Professores, escolas e grêmios estudantis também são beneficiados. Além disso, os estudantes recebem informações sobre ações da Universidade que viabilizem sua permanência, como bolsas e auxílios para que eles possam se manter até a conclusão do curso.

“A CUCo é mais que uma competição. É uma oportunidade. Ela busca despertar no estudante o interesse pelo curso superior e ainda oferece acesso para que ele complemente seus estudos e conheça um pouco mais do ambiente universitário”, ressalta o vice-reitor da USP, Antonio Carlos Hernandes, idealizador do programa.

Neste ano, o programa encerrou o período de inscrições no último dia 24 de julho.

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