Violência contra o afrodescendente

Saiba o conceito histórico e governamental da violência contra o afrodescendente

 

Texto: Renato Bazan  | Foto: Divulgação

Violência contra o afrodescendente | Foto: Divulgação

Violência contra o afrodescendente | Foto: Divulgação

A discussão de termos ,“genocídio”, “pandemia”,“extermínio” – é menos importante do que a realidade crua das estatísticas. O Brasil é uma nação racista, no qual todos os estados, menos um, têm por hábito tirar a vida demais pessoas negras do que brancas. Analisando a história do nosso país, depois da abolição da escravidão não se buscou nenhum mecanismo de integração dessa população. Pelo contrário, se intensificou o processo de exclusão, produzindo um abismo econômico, social e cultural entre negros e não negros cujo resultado é uma diferença de mais de 100% no índice de mortes violentas.

Em “Direitos Humanos e as Práticas de Racismo”,de Ivair Alves dos Santos, o autor faz uma análise do sistema judiciário para concluir que, a cada 17 denúncias de racismo no Brasil, apenas uma vira ação penal, entre essas, 92% são enquadradas como injúria, cuja pena é praticamente nula. As duas realidades se correspondem: a violência institucional, ativa ou passiva, transformou em prática culturalmente aceita a vitimização do negro.

A união entre vulnerabilidade social e a violência dela decorrente não precisa de uma tarja de identificação,mas de uma solução que dê conta dessa mortandade seletiva. Vale a pena lembrar: no mesmo período em que houve um aumento de 29,8% no número de negros assassinados, brancos viram essa taxa cair 25,5%. Isso indica, de forma inquestionável ,que as mesmas políticas públicas que protegeram a população branca da morte empurraram os negros para ela.

Indica que, ao longo da última década,o uso do dinheiro público serviu para tornar a violência contra o negro algo progressivamente visto como natural. Aí está o pior dos crimes. Diante da aceitação passiva da vitimização negra, há justificativas mais que suficientes para concluir que o Estado, seja pela ação ou pela falta dela, causou um agravamento literal e palpável na violência contra o afrodescendente.

 

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