Presidente da Palmares terá que se explicar ao MPF

Depois de classificar o racismo no Brasil como “Nutella”, afirmando que “a negrada daqui reclama porque é imbecil e desinformada pela esquerda”; de dizer que “a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes”; de afirmar que “negros do Brasil vivem melhor que os negros da África”; e destacar que o feriado da consciência negra deve ser abolido, Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, publicou em rede social que Zumbi dos Palmares é ‘herói da esquerda racialista, não do povo brasileiro’. Desta vez, contudo, Camargo terá que se explicar.

O Ministério Público Federal apresentou na quinta-feira (14) uma representação para que Sérgio responda na Justiça por improbidade administrativa.

O caso será analisado pela Procuradoria da República no Distrito Federal. O pedido de apuração tem como base desqualificações feitas por Camargo à figura de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta negra contra a escravidão.

A pretexto de comemorar o aniversário da Lei Áurea, editada em 13 de maio de 1888, Sérgio Camargo publicou artigos depreciativos a Zumbi no site oficial da instituição. Para a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, o conteúdo viola o propósito de criação da Fundação Palmares, voltada ao resgate dos valores da influência negra. A entidade foi criada por lei, antes mesmo da Constituição Federal de 1988.

“A Fundação Palmares já nasce vocacionada à promoção dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira. Negar ao povo negro a sua história e seus heróis, como é o caso de Zumbi, é atentar contra a instituição que Sergio Camargo preside”, afirma a representação.

Segundo o MPF, a lei estabelece que constitui ato de improbidade administrativa atentar contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.

“Como foi fartamente demonstrado, o ato de Sergio Camargo é desleal à Fundação Cultural Palmares, atenta contra o princípio central da administração pública, que é a legalidade, e é moralmente abjeto”.

A nomeação de Camargo para a presidência da Fundação Palmares ocorreu em novembro de 2019 e causou uma onda de reações por conta de seus posicionamentos.

 

 

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