Samba no Rio de Janeiro
Conheça o projeto do grupo “Soul + Samba”, que alia bons shows de samba com preços populares
TEXTO: Carla Azevedo e Emanuele Sanuto | FOTOS: Divulgação | Adaptação web: David Pereira
Alma, resistência, militância, soul e samba. Assim podemos resumir o grupo Soul + Samba, formado por Ari Junior, Vinícius Feijão, Douglas Silva (músico e ator), Juninho Travassos e Diogo Cunha. O grupo surgiu a partir do embrião chamado Divino Dom (formado em encontros informais na praia da Macumba, Rio de Janeiro, no Clube do Cozido, onde a proposta, além de comer o cozido, é ouvir um bom samba e encontrar os amigos). O projeto se expandiu e, com a consolidação do ritmo musical (mistura de black music, resgate de músicas da MPB, sucessos contemporâneos e até o jongo, que está associado à cultura africana no Brasil), o grupo valoriza as vertentes do Brasil. Em entrevista à Raça Brasil, Vinícius Feijão disse: “O soul vem de alma, então a gente diz que tudo que toca a nossa alma a gente transforma em samba, porque tem um lado mais samba”. Já o componente do grupo Douglas Silva, relatou sobre o resultado de sua imagem perante o público, que agora não pergunta só sobre o seu personagem Acerola no filme “Cidade dos Homens”, mas também sobre o som que ele e o grupo fazem. Isso é resultado do “barulho” que estão fazendo na cidade e do boca-a-boca.
O projeto tem a proposta de mostrar um bom samba, com cantores convidados de renome como Seu Jorge, Leandro Sapucahy, entre outros que já passaram pelo palco. Outro propósito importante para o grupo é permitir que a população tenha acesso à cultura e boa música a preços populares, com direito a toda a infraestrutura de grandes eventos musicais (segurança, manobristas, auxiliar de serviços gerais e etc). Segundo o produtor Rodrigo Oliveira, é uma forma de fidelizar o seu público, que vai de crianças a idosos. O projeto teve início no clube 4 Linhas, em Bento Ribeiro, zona norte do Rio, e hoje acontece na sede da CUFA (Central Única das Favelas – Rua Carvalho de Souza, 137) em Madureira. Nesta parceria do grupo com a CUFA, destacam-se a equidade nos propósitos de fomentar, valorizar, manter e reforçar a cultura e a identidade negra no cenário cultural do Rio de Janeiro e do país.
No evento, percebemos a grande manifestação e resgate da cultura negra por meio das indumentárias. Existe a predominância de cores, penteados, itens de moda inspirados na cultura africana (turbantes, acessórios coloridos, lenços), roupas inspiradas nos guetos americanos, na cultura hip hop e que fazem muito sucesso. Entre o público, podemos encontrar crianças, famílias e idosos, além de jovens, adultos e casais que se divertem e unem-se como um só.
Na ocasião em a equipe da Raça esteve no espaço, houve uma edição especial do evento: os passistas denominados Soul + Passistas abrilhantaram a noite, com integrantes das escolas Em Cima da Hora, Salgueiro, Portela e muitas outras. Já em clima de carnaval, mostraram seu talento e samba no pé.
A mistura dos ritmos se reflete não só no repertório, mas também no seu público e nos integrantes. Um deles, Diogo Cunha, formado na tradicional Escola de Música Villa-Lobos, traz uma definição de que “a música é livre, assim como a mudança nos ritmos e a força do público”. Juninho Travassos destacou o EP com 4 músicas inéditas e uma regravação, incluindo o sucesso “Rebolado da Nega”, que teve mais de 20.000 cópias disponibilizadas. O projeto ocorre aos domingos, a partir das 20h, com preços que variam de R$10 a R$15 na sede da CUFA, localizada na Rua Carvalho de Souza, 137, em Madureira, Rio de Janeiro. O Projeto Soul + Samba vem com tudo e é tendência no cenário negro do Rio, vale a pena conferir.
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