A história do cantor e ativista Harry Belafonte

Além de ator e cantor, Harry Belafonte se destaca por ser um dos grandes ativistas na luta pelos Direitos Civis do Negros. Veja sua história na coluna de Oswaldo Faustino

 

TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTOS: Divulgação | Adaptação web: David Pereira

O cantor, ator a ativista Harry Belafonte | FOTO: Divulgação

O cantor, ator a ativista Harry Belafonte | FOTO: Divulgação

Ativista pelos Direitos Civis dos afro-americanos, ele combateu o apartheid na África do Sul e a fome na Etiópia, apoiou Fidel, em Cuba, e Chaves, na Venezuela. Hoje, combate a violência contra crianças e jovens nos EUA. Seu nome? Harry Belafonte.

Em entrevista exclusiva à Raça Brasil, em 2010, o ator norte-americano Danny Glover lembrou que um dos nomes de Nelson Mandela, Rolihlahla, pode ser traduzido como “aquele que procura uma boa encrenca”, e que o também ator, cantor e ativista político Harry Belafonte “é outro encrenqueiro”. Quem desconhece a carreira de Belafonte, que em 1º de março completou 87 anos, pode estranhar essa afirmação. Porém, em sua cinebiografia, “Sing your song”, dirigida por Susanne Rostock e lançada em 2011, o artista de ascendência jamaicana, nascido muito pobre no Harlem, narra a própria história que justifica o dito por Glover.

“Matilda, Matilda, Matilda, she take me money and run Venezuela”. Esse sucesso apresentou Harold George Belafonte Jr. ao mundo, nos anos 1950, e lhe garantiu o título de “Rei do Calypso”. Seu talento, a beleza física, seu porte e elegância chamaram a atenção da indústria cinematográfica. Ele conquistou o prêmio Tony, nos palcos da Broadway, dois Grammys e seis discos de ouro, por seus álbuns, e um Emmy, por seu programa de televisão Tonight with Belafonte.

Em “Sing your song”, Harry afirma: “Se usarmos o tempo para entender um ao outro, juntos podemos transformar o mundo à nossa volta”. No auge da fama, ganhando muito dinheiro, ele se aliou ao pastor Martin Luther King em sua luta pelos Direitos Civis. Foi um dos organizadores da Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, em 28 de agosto de 1963, que reuniu mais de 250 mil manifestantes. Seu prestigio atraiu apoio de Marlon Brando, Tony Curtis, Sidney Poitier, Sammy Davis Jr., Charlton Heston, Tony Bennett, entre outros.

Humanista radical, não foi desencorajado pelo assassinato de Luther King ou sua inclusão na lista do Macartismo. Pelo contrário, o transformaram num ativista radical pelas causas humanitárias. Numa visita à África do Sul, durante o apartheid, conheceu a cantora Miriam Makeba e a levou para os EUA. Além de gravar com ela, Belafonte abriu espaço para Makeba denunciar, com suas canções, as atrocidades que ocorriam em seu país. Quando Nelson Mandela conquistou a liberdade, lá estava ele festejando junto.

Capa da cinebiografia de Harry Delafonte "Sing your song" | FOTO: Divulgação

Capa da cinebiografia de Harry Delafonte “Sing your song” | FOTO: Divulgação

Viajou pelo continente africano e, impressionado pela situação de fome, doenças e miséria na Etiópia, idealizou em 1985 o encontro de 45 cantores e cantoras que, por meio da fundação USA for África (United Support of Artists for Africa), gravaram a antológica “We Are the World”, composta por Michael Jackson e Lionel Richie, com arranjo e regência de Quincy Jones. Além de Michael, Lionel e Harry, destacaram-se na gravação Stevie Wonder, Paul Simon, Kenny Rogers, Tina Turner, Bob Dylan, Diana Ross, Dionne Warwick, Willie Nelson, Al Jarreau, Bruce Springsteen, Cyndi Lauper, Ray Charles, entre outros.

O famoso videoclipe foi premiado com um Grammy, e juntamente com o evento “Hands Across America”, promovido pela mesma fundação em 1986 – milhões de pessoas, em vários estados norte-americanos, pagaram 10 dólares para participar de uma corrente, de mãos dadas, por 15 minutos, e arrecadou cerca de 100 milhões de dólares para a campanha.

Aposentar? Nem pensar! Belafonte foi nomeado embaixador da boa vontade pela da Unicef e levantou fundos para enfrentar a miséria, a AIDS, o racismo na África e a pobreza nos EUA. Atacou a política externa do governo americano, elogiou Fidel Castro, reivindicou o fim do embargo econômico a Cuba, condenou a invasão a Granada e defendeu Hugo Chávez. Destacou Malcolm X como seu mentor ideológico e acusou os ex-secretários de Estado dos EUA, Colin Powell e Condoleezza Rice, de serem “serviçais úteis do governo branco e direitista de George Bush”, a quem chamou de “terrorista”.Após completar 80 anos, esperava-se que o guerreiro procurasse um lugar para repousar. Em “Sing your song”, ele apresenta esse paraíso e a companheira com a qual vai viver ali. Porém, a imagem de uma menininha negra sendo algemada na escola o revoltou e o motivou a iniciar uma campanha contra a violência a crianças e jovens. Hoje, sonha em pacificar as gangues que se embatem nas periferias das grandes cidades dos EUA e dizimam as juventudes negra e latina. Essa é a sina do herói: morrer no campo de batalha.

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